19.6.10

pára-arranca e não somos máquinas

aproxima-se a época do ano em que se assiste ao parar das máquinas laborais. depois do aquecimento com os feriados de Junho, chega o Verão e paramos para as merecidas férias. até aqui, sem novidade. todos os anos é o mesmo.
faço este apontamento pelo motivo do "pára-arranca" da minha sociedade. e reconheço, não somos máquinas.
quais os motivos que fazem o nosso país parar?
um dia desta semana (e vão já identificar o dia), andava pela rua e reparo que nem carros nem pessoas a circular. foi o primeiro jogo da nossa seleccção no mundial, às 15h de Portugal.
facto: o país parou. mesmo quem estava nos escritórios, mesmo nas lojas, mesmo... mesmo.
e quando joga o Benfica, o Benfas, o Glorioso, as rotundas parecem oásis.
ontem, dia 18, sexta-feira, o país parou para viver o dia do falecimento de Saramago.
deixo aqui o meu lamento. independentemente dos gostos do escritor por viver em Espanha e/ou ideais políticos (cada cabeça sua sentença), um grande escritor é sem dúvida uma grande perda. não há mais a dizer. as TVs encheram-se de comentários, escreveu-se quase tudo ontem sobre este facto e pessoas que  nunca terão lido ou sentido o pulso do escritor, falaram como quem opina sobre as promoções de um hipermercado.
vai com certeza vender-se Saramago como nunca e falar-se dele como nunca até aqui, julgo que nem mesmo quando foi nobel.
porquê? repare-se na origem da palavra economia, "o termo economia vem do grego oikos (casa) e nomos (costume ou lei) ou também gerir, administrar: daí "regras da casa" (lar) e "administraçao da casa" (in Wikipedia, http://pt.wikipedia.org/wiki/Economia).
poderia dizer que, as regras com que administro a minha casa, são as regras que administro o meu trabalho, logo, a máquina que movo. diria, a socidade. a economia move-se pelas leis da vida.
feriados, futebol, mortes de ilustres fuguras públicas, casamentos, e a vida resume-se a uma tela, com comando à distância. agora o episódio 112 com o jogo do Benfica, depois o 113 com as noivas de Sto António e já se adivida as cenas dos próximos episódios: episódio 114, montagem do palco para a 1ª missa do Papa em Portugal.
em Portugal paramos por actividades que produzem emoção, também paramos porque a produção pára, quando uma fábrica decide parar uns dias, paramos no trânsito, quando é a final de um programa de entretenimento; paramos por tudo e por nada.
paramos muito em função da vida e dos sonhos de outros.

páro para escrever, reflectir e decidir com sentido aonde quero estar.
já percebi, se parar assim tanto, é capaz da minha vida parar e, pela lógica, o meu país também vai parar.

só por saber o que posso deixar parado, prefiro uma marcha lenta, a um pára-arranca que bloqueia as principais vias da minha sociedade.

e como se diz, não deixes para amanhã o que podes fazer hoje, ou deixa que comer, não deixes que fazer, vou por mãos à obra, sem nunca esquecer que não sou máquina, que tenho emoção e é no equilíbrio que reside a solução para muitos problemas do dia-a-dia.
este ano não encontrei forma de fazer a coisa diferente. sábado, dia 19 de Junho. dia de descanso para uns, para mim é dia de por os neurónios a 100% e dar o melhor. e amanhã, Domingo, dia 20, o mesmo.

p.s. espero que não párem para ler isto. como outras coisas que escrevo, são pensamentos que ponho por palavras para ordenar a minha mente, essa que não pára.

10.6.10

acordamos... quando?

quando acordamos?
sempre, estejamos vivos e a resposta é sempre.

e foi assim.
o dia amanheceu. respirei.
senti-me em mim.
e não parei.

mas sem parar tudo acontece na mesma.
um coração que era.
o grande passa a pequeno.
e paro bloqueada, o tempo não espera.

são agora imagens que imperam.
mensagens que tento descodificar.
e canso-me por querer saber
aquilo a que não dediquei horas a valorizar.

ninguém saberá ao certo quando é,
que passamos a reconhecer o essencial.
nem que nos falem, que esteja nos livros.
se não decidimos, tudo nos ocupa menos o vital. 

caso não decidamos, tudo o que é realmente importante
nos escapa,
quando finalmente acordamos.