na certeza de que nada é certo
caminhamos por pântanos e areais
escrevemos palavras e fazemos concertos
damos garantias irreais
na certeza de que nada é certo
deitamo-nos nas marés
acordamos ao relento
e andamos sobre os pés
na certeza de que nada é certo
olhamos para a frente
acreditamos cegamente
amamos ardentemente
mimamos loucamente
abraçamos calmamente
passamos ao lado da mente
sonhamos livremente!
na certeza de que nada é certo
fazemos juras com eco no infinito
descredibilizamos o incerto
desprezamos toda a chuva
cambaleamos ao sabor da uva
e mesmo quando a manhã parece turva
suamos o dia para fitar a curva
porque na certeza de que nada é certo
acertamos na sorte
alvejamos a incerteza
damos corpo os zeros deste mundo
somos esquecidos pelo que existe
mas basta...
sermos acalmados pelas surpresas neste deserto
mesmo que seja de noite...
basta ver na sombra o reflexo do Sol
conseguir cheirar a maresia
ouvir aquele sorriso, que não é certo no embalar eterno,
mas que traz consigo a certeza de que a vida,
esta do agora, tem pós de poesia.
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