Quando aos 11 anos vivi as minhas primeiras férias em Santa Luzia (Santa para os amigos), não imaginava que muitos verões seriam passados com toda aquela luz, o branco das casas e o cheiro incomparável próprio da terra que aparece nas tardes quentes.
De tantos momentos vividos, de tantas emoções recordadas, podia estar aqui a escrever sem parar, de tanto ter para contar. Tenho 27 anos, passaram-se 16 anos (a idade da minha mana) e ainda consigo sentir algumas emoções quando me lembro de algumas imagens.
Das minhas primeiras férias, numa casa alugada aos Bateira, lembro-me de banhos de mangueira tomados no terraço, da mesma água que escorria para a rua, dos pôr-do-sol inesquecíveis e que ainda guardo na memória… da vista que se tinha sobre os terraços, sobre as traseiras das casas, da vista para os estendais, para o interior de muitas casas, para o quotidiano dos vizinhos.
Lembro-me do som que passava pelos buracos dos estores, tão diferente o da manhã e o do fim da tarde!
Recordo-me muito bem da barriga da minha mãe (grávida da minha mana).
Quase que me consigo ver, sentada numa das portas da vizinha com amiguinhos a jogar aos “baldes de m****”. Se me lembro! Eu, a minha prima, o Pedro (Mangas), o Miguel (Melita), o André (Monte), e às vezes o Mário, irmão do Pedro, um pirralho giro! Levávamos o baralho das cartas, escolhíamos um sítio (na Rua Libório qualquer coisa) e aí ficávamos a jogar, rir… gargalhadas de riso! Tamanha inocência a daquelas férias. Antes havia sempre a combinação e depois era até à hora do jantar. Também se contavam anedotas, falava-se das miúdas e dos miúdos. Dos vizinhos, da praia, das férias. Eram as férias grandes!
Também chegámos a ir apanhar caranguejos só com uma boca na ria (os cavaletes). Ficávamos cheios de lama, mas ali é natural!
Vieram mais férias. E mais verões e mais amigos. Hoje quando lá vou, não me sento nas portas a jogar, mas dá-me prazer andar simplesmente pelas ruas, ouvir as pessoas nas casas e passar na frente das casas. Na hora do jantar, gosto de passear por ali, ouvir o bater dos talheres e as vozes que vêm lá de dentro.
Algumas casas têm um pormenor curioso, 2 entradas: cada uma para uma rua diferente. E quando se passeia em Agosto por Santa Luzia pode atravessar-se uma correnteza de casas, através de um olhar de esguelha para uma das portas. E eis que se vê a outra rua!
Santa Luzia cresceu. Os amiguitos com quem brincava cresceram. Ainda mantenho contacto com pelo menos 2. Os 2 irmãos! O mais novo cresceu e hoje faz parte do grupo de amigos da minha mana, que na altura ainda nem tinha nascido.
O betão fez alargar a aldeia piscatória que hoje é Vila.
Tenho lá amizades, que guardo para a vida.
Guardo também muitas mais recordações de Santa Luzia, lugar que recordo sempre com saudade.
Os meus amigos dizem-me sempre: “Isto aqui é a pasmaceira”. O Inverno é triste, não se vê ninguém na rua”. Depois dizem outras coisas engraçadas: “Em Agosto é a loucura, não se pode andar pelas ruas, nem há lugar para estacionar”. Porque Santa Luzia mantém como tradição as festas dos pescadores, sempre no 2º fim-de-semana de Agosto. E, claro, se falamos da festa, falamos do fogo de artificio, o da última noite, visto a partir da Lota e que se reflecte na Ria Formosa.
Eu ainda sou do tempo em que os botes dos pescadores nos levavam até essa praia M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A, a Terra Estreita. Do tempo em que se contavam pelos dedos de uma mão, as “sombrinhas”. Praia não vigiada, mas um verdadeiro luxo. Atravessava-se a ria sem segurança, estava-se na praia entregue a si mesmo, mas a paz… sem preço.
Muita coisa mudou.
Hoje há um “Caga Milhões” que explora a concessão. Que por acaso, viu o seu cais arder no final do Verão do ano passado, até apareceu na TVI. Os naturais chegaram a um limite e hoje acho que a coisa ainda não está resolvida.
Às vezes a malta decide ir até ao Barril, mete a toalha nas costas, calça a chinela põe-se a caminho. Uns belos 30 minutos a andar. Mas depois… Também vale a pena. Nem que seja para ver as âncoras, todas alinhas pelas dunas. Tal como nesta foto, gentilmente cedida pelo natural, Nuno Nascimento Costa.
Tanta coisa há para partilhar sobre esta bela Vila à beira ria plantada.
Por exemplo, cumprimento entre alguns naturais: “Iãoooooooo”. O mesmo que dizer: “Oiii”.
Palavras e expressões que só ouvi lá: “mijaneira” (“Estou com a mijaneira”), “boniteza” (como quem diz “beleza”), “estar panca” (quando alguém está assim na Lua, não está cá, fica “panca”).
De tantos momentos vividos, de tantas emoções recordadas, podia estar aqui a escrever sem parar, de tanto ter para contar. Tenho 27 anos, passaram-se 16 anos (a idade da minha mana) e ainda consigo sentir algumas emoções quando me lembro de algumas imagens.
Das minhas primeiras férias, numa casa alugada aos Bateira, lembro-me de banhos de mangueira tomados no terraço, da mesma água que escorria para a rua, dos pôr-do-sol inesquecíveis e que ainda guardo na memória… da vista que se tinha sobre os terraços, sobre as traseiras das casas, da vista para os estendais, para o interior de muitas casas, para o quotidiano dos vizinhos.
Lembro-me do som que passava pelos buracos dos estores, tão diferente o da manhã e o do fim da tarde!
Recordo-me muito bem da barriga da minha mãe (grávida da minha mana).
Quase que me consigo ver, sentada numa das portas da vizinha com amiguinhos a jogar aos “baldes de m****”. Se me lembro! Eu, a minha prima, o Pedro (Mangas), o Miguel (Melita), o André (Monte), e às vezes o Mário, irmão do Pedro, um pirralho giro! Levávamos o baralho das cartas, escolhíamos um sítio (na Rua Libório qualquer coisa) e aí ficávamos a jogar, rir… gargalhadas de riso! Tamanha inocência a daquelas férias. Antes havia sempre a combinação e depois era até à hora do jantar. Também se contavam anedotas, falava-se das miúdas e dos miúdos. Dos vizinhos, da praia, das férias. Eram as férias grandes!
Também chegámos a ir apanhar caranguejos só com uma boca na ria (os cavaletes). Ficávamos cheios de lama, mas ali é natural!
Vieram mais férias. E mais verões e mais amigos. Hoje quando lá vou, não me sento nas portas a jogar, mas dá-me prazer andar simplesmente pelas ruas, ouvir as pessoas nas casas e passar na frente das casas. Na hora do jantar, gosto de passear por ali, ouvir o bater dos talheres e as vozes que vêm lá de dentro.
Algumas casas têm um pormenor curioso, 2 entradas: cada uma para uma rua diferente. E quando se passeia em Agosto por Santa Luzia pode atravessar-se uma correnteza de casas, através de um olhar de esguelha para uma das portas. E eis que se vê a outra rua!
Santa Luzia cresceu. Os amiguitos com quem brincava cresceram. Ainda mantenho contacto com pelo menos 2. Os 2 irmãos! O mais novo cresceu e hoje faz parte do grupo de amigos da minha mana, que na altura ainda nem tinha nascido.
O betão fez alargar a aldeia piscatória que hoje é Vila.
Tenho lá amizades, que guardo para a vida.
Guardo também muitas mais recordações de Santa Luzia, lugar que recordo sempre com saudade.
Os meus amigos dizem-me sempre: “Isto aqui é a pasmaceira”. O Inverno é triste, não se vê ninguém na rua”. Depois dizem outras coisas engraçadas: “Em Agosto é a loucura, não se pode andar pelas ruas, nem há lugar para estacionar”. Porque Santa Luzia mantém como tradição as festas dos pescadores, sempre no 2º fim-de-semana de Agosto. E, claro, se falamos da festa, falamos do fogo de artificio, o da última noite, visto a partir da Lota e que se reflecte na Ria Formosa.
Eu ainda sou do tempo em que os botes dos pescadores nos levavam até essa praia M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-A, a Terra Estreita. Do tempo em que se contavam pelos dedos de uma mão, as “sombrinhas”. Praia não vigiada, mas um verdadeiro luxo. Atravessava-se a ria sem segurança, estava-se na praia entregue a si mesmo, mas a paz… sem preço.
Muita coisa mudou.
Hoje há um “Caga Milhões” que explora a concessão. Que por acaso, viu o seu cais arder no final do Verão do ano passado, até apareceu na TVI. Os naturais chegaram a um limite e hoje acho que a coisa ainda não está resolvida.
Às vezes a malta decide ir até ao Barril, mete a toalha nas costas, calça a chinela põe-se a caminho. Uns belos 30 minutos a andar. Mas depois… Também vale a pena. Nem que seja para ver as âncoras, todas alinhas pelas dunas. Tal como nesta foto, gentilmente cedida pelo natural, Nuno Nascimento Costa.
Tanta coisa há para partilhar sobre esta bela Vila à beira ria plantada.
Por exemplo, cumprimento entre alguns naturais: “Iãoooooooo”. O mesmo que dizer: “Oiii”.
Palavras e expressões que só ouvi lá: “mijaneira” (“Estou com a mijaneira”), “boniteza” (como quem diz “beleza”), “estar panca” (quando alguém está assim na Lua, não está cá, fica “panca”).
Ah, e esta: "vou dar banho" (vou tomar banho), ou então "Vou à da Celísia" (neste caso, vai ao supermercado da Celísia, mãe do Rui, mas também podia ir à da Marta à casa da Marta!).
Por agora fica este cheirinho, terei muito mais para partilhar.
Por agora fica este cheirinho, terei muito mais para partilhar.
Este é um dos meus portos de abrigo que guardo com muito carinho.
1 comentário:
Pois é Isa... Santa Luzia é tudo isso e mais alguma coisa tradicional como são as chaminés que ainda existem em algumas casas, e os azulejos dos Santos que estão sobre as portas das casas. Agora o resto... ao ler o teu post levou-me a pensar o quanto Santa Luzia é especial, e que nós muitas vezes não lhe damos o devido valor.
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