1.5.07

Pedaço de terra, a Terra

Acerca do Mar do Aral, que está na foto do post anterior, reflicto e partilho aqui preocupações.
O Mar do Aral é um mar interior da Ásia. Coloquei aqui uma foto tirada a partir de satélite porque me espantei quando percebi as linhas a vermelho. Em 1960, este mar cobria 68 000 km² (ocupando o lugar do 4º maior lago do mundo) e em 2000 a sua superfície já estava dividida em dois; o Pequeno mar ao Norte e o Grande mar ao Sul. Prevê-se o desaparecimento total do segundo por volta de 2025. Ou seja, há 40 anos que seca, tendo perdido 60% da sua dimensão! As causas da sua morte lenta, deve-se a: sucessivas drenagens feitas pelo governo soviético nas repúblicas da Ásia Central com propósitos de irrigação de culturas de algodão no Uzbequistão, e arroz no Cazaquistão, em pleno deserto.
Ligado à economia, surge a seca.
Para mim por vezes é difícil arrumar a minha casa interior. Faço algumas pesquisas para procurar respostas: na net, na música, nos livros, nas conversas com os amigos, na tv, nas revistas, no trabalho, nas observações que faço quando paro para reparar no que esta em meu redor. Esqueço-me tantas vezes que as respostas acabam sempre em fragmentos de qualquer coisa. E que as respostas, senão todas, estão em mim. Em cada um. Porque cada um tem um papel activo no mundo. Por mais ínfimo que seja.
Dentro de mim não encontro respostas para o que se passa no mundo. Não descubro as curas do cancro. Nem a forma para motivar os EUA a assinar o Tratado de Kyoto.
Encontro apenas um modo tranquilo de viver aceitando a vida tal qual ela é.
De uma maneira geral, o mundo anda agarrado ao material e esquece-se do espiritual. E o espiritual encontra-se nas relações que estabelecemos com o que nos rodeia.
Enfim, preocupa-nos tanta coisa...
Os países andam preocupados com o PIB, com os orçamentos de Estado, com o défice e com os compromissos económicos. As pessoas ocupam-se em se desdobrar para estar com estes e aqueles, para compreender os outros, num frenesim para acompanhar a moda, para esticar o dinheiro até ao fim do mês e em poupar aqui e ali.
E depois, embora a sensibilidade varie de pessoa para pessoa, dificilmente alguém fica indiferente quando vê um urso polar perdido no gelo, sem meios de sobreviver.
Não me surpreende que o documentário de Al Gore tenha tido tanto sucesso, cpmseguindo escandalizar o mundo ao abordar as mudanças climáticas chamando-lhe uma Verdade Inconveniente.
Causa impacto!
De qualquer modo, depois do impacto causado, dos minutos verdes passados na tv, o que fazemos para mudar hábitos de consumo, hábitos de vida e hábitos que se irão repetir por muitos anos, mede-se com uma fita métrica doméstica.
Porque a educação, por mais motivação que encontre, não faz milagres. Nem mesmo S. Pedro, com os seus poderes de santo, consegue evitar os piores dos desastres causados pelo homem, o de colocar constantemente à prova os limites da regeneração da Mãe Natureza.
Reflicto e procuro entender tudo isto através de um olhar ingénuo, português e pouco expert na matéria. Procuro ser tolerante e aceitar esses erros crassos espalhados pelo mundo. E, claro, tirar daqui alguma coisa para a motivação do dia-a-dia.
Por isso, partilho este pedaço de texto convosco, é o que está comigo e deixo aqui.
E polvilho o ar com alguma inquietação acerca do que deixamos que os governos façam ao pedaço de terra que é de todos, a Terra.

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