26.6.07

Hoje, olhaste o céu?

Dormia de mãos juntas sobre o travesseiro, de lado e enroscada na posição fetal. Entre os joelhos flectidos e o ventre, segurava uma bola em tons azuis, verdes e castanhos. E havia uma névoa sobre si de poeiras brilhantes conferindo-lhe uma aparência altiva.
Todos os músculos descontraídos, olhos fechados e espírito tranquilo, respirava como uma bebé; respiração compassada, inspiração visível abaixo do diafragma a exigir pouco esforço dos meus pulmões. A paz de uma vela acessa que queima ao ritmo dos movimentos naturais do ar.
Sonhei que sonhava que a paz no mundo acontecia hoje.
Pairava no ar uma energia boa, aquela que se sente ao reviver sensações dos primeiros 10 anos de vida. Sem pressa para acordar. Sem atropelos a falar. Com crueldade na zanga. Com rabugisse no cansaço, que a disposição tem fases como a Lua! Na seriedade a sinceridade. Na brincadeira um gozo desmedido. E nos abraços os olhos abertos e sorridentes.
Estava convencida do sucesso da força interior. Acreditava nos homens. E os homens aprendiam com o passado deixando que as emoções se insurgissem intensamente. Conhecedores dos pequenos segredos; aqueles que são extraídos das quedas-de-água e montanhas dos caminheiros, os supra aproveitados para orientar os que olham as estrelas, dos homens que olham o céu para encontrar o Norte e apreciá-lo como um dos maiores espectáculos.
Acordei e estava só. Esfreguei os olhos uma vez. Duas vezes e vi então o que pensava estar a ver. Alguém mais só do que eu. Aproximei-me sem qualquer pergunta pronta. De repente, vi-me na idade dos porquês: o que esperas encontrar no chão, porque é que a tua tez está pálida e aparentas um espírito tão vago como as cores das tuas vestes, porque é que continuas a divagar e não reages ao meu olhar inquietante? Às minhas palavras não associei nenhum som, porque para aquele silêncio perturbado não encontrei tom capaz de rodar aqueles olhos noutra órbita!
Virei-me de papo para o ar. Ainda estava com os anjos. A cega era eu! Estava sózinha a sonhar. Qual seria a probabilidade de encontrar no meu sonho alguém que repousava no travesseiro como eu?
Mantenho as pálpebras confortavelmente fechadas, mas agora voltadas para o céu. A resposta deve estar escrita nas estrelas.
Se em cada estrela se guarda um segredo, há em cada homem muitas estrelas.
Se o céu é de todos, os segredos estão escancarados ao mundo.
O tempo é o telescópio de anos de luz!
Herdámos este céu e o que fazemos com este legado?
Diz a astrologia que o futuro não existe, mas e apenas, o passado e o presente. Se o passado está escrito, se os segredos se conhecem e as estrelas estão lá em cima, andamos a olhar para onde?

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