14.6.07

Santos en Français

A-n-d-a-r, bailaricos, povo, popular, recantos, pátios, ruas antigas, sardinha e encontrar pessoas que não esperamos. Voz do Operário, Alfama, Graça, Castelo, zona do ISPA, Campo das Cebolas… Os Santos!
Guardo na memória saídos de Alfragide, atulhados nos carros para Lx e dar o pézinho de dança em qualquer recanto.

2006 - Guardo o preço do chouriço! 7.5€ (façam a conta a 3!).
2007 - Antes do pavor que senti (que sentimos!) há que resumir o que se viveu num romper de palavras rápidas, coisa rara nestas noites: estacionar demora, o comer demora, chegar ao Castelo demora, e de novo, chegar ao carro, demora!
Carro para lá do Largo da Feira da Ladra e chegar à Casa dos Bicos. Encontrar jantados os 7 com quem íamos passar o resto da noite: 2 portuguesas e 5 franceses.
Bebeu-se e comeu-se com a bunda meio fora meio dentro em tábuas corridas, sardinha a pingar e pão molhado na gordura com o melhor sabor do mundo, água para empurrar, goles de imperial, e muitos “ouis” e “yes”. Falar e comer com toda aquela mistura de sons no ar já não é tarefa fácil, imagine-se com franceses.
A conta? Tentou-se ser sério. Depois de esperarmos sentados… de pé… achámos que: “está bom assim”. Este ano o “chouriço” ficou baratíssimo! De rosas nas mãos, porque os estrangeiros não resistem ao “qué frô”, lá fomos os 11 rua acima, travessa abaixo com os €s do jantar ainda no bolso.
Rosas distribuídas pelas damas no bailarico no Campo das Cebolas, rumo a Santa Apolónia e toca a subir.
O álcool subiu e o francês decidiu falar a todos (Bon soir!), beijar mulheres e homens e, ai (!), quem te acode! Homem neste país ou lhes tiras primeiro os azimutes, ou podes ter a cana do nariz a prémio. Explicar isto em francoinglês a um francês alegre…
Cerveja Fresca, Farturas, Fotos, Festa e Franceses. F…
Já se passava para a Sé em bicos de pé, sem espaço para um passo, mas este ano, mesmo sem nunca ter tido claustrofobia, julguei que o Sol podia deixar de brilhar por algum tempo. Vi-me no meio de uma confusão sem medida. Depois de ter percebido que fizesse o que fizesse não arredava pé para onde eu queria, mas para onde a multidão mandava, passo à frente, 2 passos atrás, e quase sem perceber para onde devia empinar o nariz para respirar… tive medo e só pensava: preciso de sair daqui…mas não adiantou pensar. Para ajudar, ali a 1 metro de mim, dois totós (o artista italiano que me perdoe!) com o músculo a rasgar a t’shirt, decidiram prometer murraças um ao outro. Mais, alguém se lembrou de subir para o topo de tudo e todos (tipo nos concertos), mas viu o chão rapidamente e percebi que aquilo estava para durar. Juro que foram minutos de sensações apertadas e estranhas. Ainda pensei que só eu tinha sentido. Reunida com os 10, vi em algumas caras o sentimento igual ao meu.
Santos é para divertir, não entendo como aquele momento pode ser divertido para alguém que preze a vida. Tenho de me esquecer disto, porque para o ano quero lá voltar. Com um mapa mental diferente e sem esperar encontrar novamente em sentido contrário a Polícia de Choque.

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