21.3.08

teoria das palavras

sigo as lidas em muitos lábios, mas não me lembro da primeira
não sei quantas já usei, de quantas abusei?
nem por isso são de borla
algumas caras, outras desnecessárias e se se pudesse, algumas seriam apagadas
depois de proferidas jamais extintas
perduram nos versos, no que falamos e na distância
se tivessem tamanho real, onde caberia todo o legado?
todas as já ditas, as pensadas, as caladas, as espalhadas ao vento, as criadas ao ritmo das marés?
belisquem-me até à zona sub cutânea para ver se acordo da dimensão desta questão dura como velha côdea
oh brincalhões da troca, oh escritores e oradores! se as palavras se gastassem, que seria de nós, comuns pensadores?
compravamos, gravavamos, poupavamos, r-o-u-b-a-v-a-m-o-s
arquivavamos, ecoavamos as preferidas num túnel sem fim aparente
corremos o risco de as perder? de que se socorria nesse dia a nossa mente?
se perto de se esgotarem, alguém me ajudava nessa caçada?
eu enlouquecia pela falta só de privada de libertar a minha alma enevoada
cantem-se, calem-se, soltem-se, repitam-se, escrevam-se, risquem-se, corrijam-se
pintem-se, GRITEM-SE

não acabe o que se inventou para dar voz
à constante nascente que nos faz humanos,
que veste a ideia e a tudo o que sentimos em nós.

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