30.11.08

sopro

parados na vida se a vida parasse
agarrados ao chão se o dia mudasse
calados de opinião se o amanhã se adivinhasse
tontos de amor sem que o mundo nos avisasse

e cegos sorrimos descalços na areia
com o mar de fundo e o céu de moldura
e despidos de medo e do que a vida não premeia
corámos por descobrir uma companhia segura

se a vida parasse seguíamos na vida
se o dia mudasse saltávamos do chão
se o amanhã se adivinhasse já não havia paixão
e o mundo não nos sabia, porque a sua memória é esquecida

ai! se tu te refugias no se
se te escondes da intuição
se não te calas um momento
vais cansar o teu coração
porque ele precisa de compaixão
de atenção
de reconcialiação
e se ele fala e nunca o escutas
se se sente preterido
vai cansar-se de bater num ouvido curto

contudo, se o abraçares sem amarras
se o olhares gracioso
vai querer-te orgulhoso
apoiar-te sem receio
vai dizer-te em segredo
que és um coração tonto e vaidoso

no espaço que medeia entre o sopro e o seu estímulo
não se sabe o que existe
na força que o impele e no ar que ele move
não se sabe de onde vem
mas sabe-se que é um movimento com efeito
e se sente um conforto que sabe bem

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