23.7.09

Procura-se revista na Fuseta

Caminhando... Cheira a férias. Algarve.
Andava à procura de um sitio para comprar uma revista na Fuseta. A rua principal não é pequena, mas não foi fácil perceber que se chega à dita cuja quando se vem do lado da praia. Não parece que cheguei finalmente à rua onde poderei comprar uma bela revista para passar um bom bocado na praia.
Assalta-me uma bela dor de barriga. Já tenho a revista na mão. Ainda não a paguei e estou indecisa: deixo a revista (que me levou muitos minutos preciosos a escolher e não passo despercebida porque... estive ali muito tempo...) ou deixo-me estar na fila onde tem muita gente para o €milhões - é Sexta-feira - e controlo os suores (e tudo o mais). Fico na fila em que cada palavra que a Srª do balcão troca parece uma missa. Tive pouco tempo para pensar, para validar o troco, mas rapidamente pego nas moedas e procuro AR!
Rua nova para mim, desço, subo? Desço.
Entro no café da Tianica, atravesso-o porque me parece vislumbrar a porta salvadora ao fundo. Mas, é a dos homens e entretanto estão já 2 senhores a indicar-me a casinha respectiva. Encontro o mini wc (muito escondidinho do lado esquerdo) e lá me safo!
Para disfarce, peço um café e um pastel de nata. É a minha vez de assaltar, assalto a bela da esplanada! Alivio. Está-se bem numa rua sem trânsito e com 2 francesas ao meu lado, já com os seus 60 e tais anitos.
Abro a revista que escolhi e TCHAM! Bela revista. Custou-me 3 euros, mas está a surpreender-me. Boas palavras, imagens, novidades, textos, peças de valor. As fotos da Julia Pinheiro não estão propriemante trabalhadas, na capa apatenta cansaço. Não parece ter levado photoshop. Será estratégia da revista? Reparei depois que só aparecem mulheres na capa. Estamos no nº 6 da revista e só Sras. Vou fazer o follow-up às próximas...
Bem, já bebi o café e desventrei o interior do pastel de nata com a colher de café (soube melhor do que pato!), saio então para voltar para o pé do pessoal que está na praia quase a levantar voo. Estão na Praia dos Tesos.
É então que, antes de voltar à areia, descubro este sitio mara-vi-lho-so. Portas abertas, janelas abertas: uma biblioteca (eu disse, uma BI-BLIO-TE-CA) que até tem literatura japonesa (!) e podes navegar durante 35 minutos totalmente de borla. Estou maravilhada! Biblioteca!!
Não resisto e aproveito para mandar uns mimos, que é como quem diz, umas palavrinhas. Observo as prateleiras, a dinâmica do sitio e... tenho de ir.
Agora ainda vou ali à loja do cavalo... aos CTT. (Ía, não fui).

Chego à praia e descubro:
- comi o melhor pastel de nata das redondezas (sorte...)
- a praia dos tesos é qualquer uma em que não seja preciso apanhar o barco, existe na Fuseta, em Tavira...
- já não há vento, a água mantém-se nos 18º, mas agora tenho palavras novas comigo e... as palavras são mesmo assim, partilham-se.

1.7.09

falta de amar

são as voltas que damos
as voltas que são
trocados os minutos que somos
transformado o dia em atenção

o dia que não temos ainda
que outrora crianças tiveram
presente sempre isso em nós
e nunca lembramos o que os dias eram

e se não esquecemos o livre que fomos
frustramos os momentos do agora
poucos que os que são e somos
presos por muitos fios a toda a hora

o fio do duro do dinheiro
o fio do responsável que é do duro
mais aquelas que temos e não sabemos
e omite o mundo o fio mais puro

aquele que nos segura aos momentos de outrora
que garante a sensatez no dia de agora
que dá sabor a cada hora
e que nos leva p'ra longe da vontade de ir embora

desenrolados de novelos
soltos das linhas e largados à sorte
os que soltos navegam por bons dias escassos
farão círculos e rabiscos em busca do fio mais forte

os que da raiva se apoderam
e não conseguem estar a sós
os que da agressividade bebem
porque temem fazer parte do comum nós

não tenho a razão do amor
como o segredo para toda a cura
mas acredito que é capaz
de trocar as voltas já trocadas e trazer à tona a zona humana mais pura

são as voltas que damos
e a todo o minuto as guardamos.
as voltas que somos,
transformadas nas pessoas que nos tornamos.