2.9.09

Setembro!

Heis chegado o tempo em que a energia está para mim, como os peixes voadores para os restantes das suas espécies: ela voa sobre e acima de mim. Sempre foi assim, e julgo não saber com toda a certeza porque acontece.
Da mesma maneira que as folhas das árvores tendem a cair, naquelas em que a sua natureza as tornam caducas, a minha árvore sente finalmente todos os seus ramos, veios e raizes.
É altura de pedir mais a mim mesma. De não deixar que o negativo atraque, de contrariar os pensamentos fortes acerca do Inverno difícil que se avizinha. É o tempo de não dar tréguas e empenhar-me no esforço.
É quando a clareza comanda. E quando me vejo melhor.
Não é assim para todos, isso seio-o há muito. Mas comigo é assim, e já são alguns anos.

E agora que os meses do Verão intenso terminaram, onde as longas e quentes espreguiçadelas debaixo da sombrinha já tiveram lugar, onde se beberam dos momentos extasiantes os longos, loucos e criativos pensamentos, é tempo de cultivar. Para outros, o da vindima!

A minha vontade são partidas para outras paragens. A minha.
O que preenche a alma são as minhas vontades, as que me fazem voar e pairar sobre tudo:
- sobre o trânsito
- sobre horas ocupadas entre números e pessoas
- sobre a criação do jantar
- sobre conversas de outras vidas
- sobre palavras que leio
São na verdade, que é a minha verdade, o que me faz sonhar.

Se não nos sentimos mais valia em alguma coisa, onde faz a nossa unidade a diferença no mundo verde e azul que, visto ao longe, ainda parece ser o nosso?

É aqui que quero chegar, a mim mesma, aquilo que me torna EU e que sei, me torna mais apta para qualquer coisa. A qualquer coisa é a tal coisa, aquela em que vou respirar e me sentir confortável quando debruçada sobre algo simplesmente pela vontade: a vontade de saber mais, de saber o que alguém já sabe, a vontade de juntar o saber de outro ao meu.

Estarei um dia num perfeito cenário: eu, um livro à minha escolha, numa poltrona e um candeiro de pé alto. A vontade da visão romântica também é minha. Eu a que põe romantismo em tanta coisa.
Eu a lamechas.
Sim, eu sou assim. Lamechas por vontade própria.

Setembro começou, sempre com manhãs claras e tardes sonhadoras. Setembro é sempre o palco da vida das minhas vontades.