3.9.07

Oiço o moço


Ainda te vejo a soluçar, como barco em seco entregue ao sabor da maré.
Olhos de menino fecham cansados sem encontrar repouso.
O que me havia de acontecer? - Disseste-mo assim e com os braços entrelaçados sobre a cabeça baixa.
Ainda te oiço…

Este quadro está junto ao teu último adeus. A lágrima sempre na despedida. Em todas.
Nas felizes e nas carentes de certezas.
Tentava chegar até ti. Procurei conforto na razão: nada foi feito para evitar.
Palavras ásperas as minhas atiraram-te para o caminho das tuas durezas.

Terias de partir sem destino e poder no comando.
Ficaria à espera aqui. Aguardaria a tua companhia.
Acarinha-me no esquerdo do teu peito definido e no que sonhámos junto na margem por onde viajávamos juntos.
Não precisámos da expressão certa: ambos o sentimos nesse dia.

Eu sei e tu sabes. Tudo começou no meu amuo naquela viagem de regresso.
E tudo terminou no túnel que atravessa a montanha da tua vida.
Nada de novo te confesso.

Não tiro pitada. Não te redesenho.
Deixaste-me chegar tão perto de ti. Protejo essas imagens que me ajudaram a aproximar de mim.
Foste tão importante. És importante.
Passem os anos pelo moço, mas não pelo seu olhar vivo e por essa malandrice, que me fez apaixonar no início e não desejá-lo mais no fim.
Foto:Ao Sabor da Maré:Ago2007

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