5.2.08

E se eu fosse...

Até uma idade todos nos perguntam o que queremos ser: Meninos, agora vão fazer uma composição que começa assim E se eu fosse... Depois nasciam mundos fantásticos: o dentista, a professora, o veterinário e o astronauta. E lá vamos nós com a nossa bela ambição pela ponta do lápis!
Mais tarde somos confrontados com a seguinte pergunta: O que gostarias de ter sido?
Quando miudos podemos mudar de planos as vezes que quisermos e ouvimos o dilema do adulto: Então, mas tu estás a dizer-me que queres curar pessoas? Mas ianda ontem querias ser cabeleireira!? Pois, mas é que provavemente ontem a pequena viu uma super-mega-hiper-cabeleireira, que usava a tesoura como ninguém, sorria com os olhos, tinha um belo cabelo preto, cortava cada cabeleira como queria e olhava-se ao espelho sem medo da verdade. Lá vamos nós a sonhar outra vez: Quando for grande quero ser cabeleireira, usar aquela mini-saia, ter as unhas sempre bem arranjadas, um sorriso lindo e ainda poder cortar o cabelo das amigas, da mãe, da mana, da vizinha, do pritiquito da vizinha...
Agora é mais ou menos assim: Então, mas tiraste esse curso e estás a trabalhar nisso? Ou então Epá, deve ser um bocado triste, tantos anos a estudar e depois acabas numa secretária e sob ordens de um chefe sem coração.
Ainda rematamos: Afinal, também quem é que faz aquilo que gosta? Depois surgem os motivos: independência financeira, estado do mercado de trabalho, segurança, realização pessoal, etc. A tal conjectura de factores.
Ligamos a TV e assistimos ao Critiano Ronaldo a ganhar uma pipa de massa, a relacionar a felicidade com o dinheiro, e a rematar com algo do tipo O futebol é a minha vida. O homem é bom naquilo que faz. Será que o Cristiano queria ser futebolista? Lá está, quiça uma conjectura de factores!
Mais interessante é talvez pensar como nos víamos há 10 anos e reparar naquilo em que nos tornamos. Tem piada, aos 18 imaginava que aos 28 anos estava casadíssima, com pelo menos 1 filho e um homem que gostasse tanto da minha familia quanto eu. Não tenho qualquer compromisso, não tenho filhos e já não acredito em principes encantados. Mas é lindo fazer rewind, dá para produzir valentes gargalhadas!!!
Muda o modo de sermos, o modo de nos vermos, o modo de pensar a vida e de estar na vida. No entanto, e tal como já foi assunto em posts anteriores, não devíamos nunca perder a capacidade de sonhar, de nos libertarmos dos cais onde vivemos e visitarmos lugares distantes com pessoas fantásticas. Pessoas fantásticas há, lugares distantes também, mas o ritmo urbano priva-nos constantemente da nossa capacidade infinita de sonhar. Para quando um Dec-Lei que obrigue as pessoas a sonhar pelo menos uma vez por dia?
No fim das contas acho que íamos perceber que, embora não pudéssemos mudar de trabalho sempre que nos apetecesse, talvez melhorasse a nossa auto-motivação e percebessemos melhor quem somos, para onde queremos remar o nosso barco e onde queremos estar nos próximos 10 anos.


PS: Aqui entre nós... tinha poucos anitos quando a minha mãe me perguntou o que é que eu queria ser quando fosse grande. Ao que lhe respondi prontamente: eu só quero ser filha da mãe! Ainda hoje prevalece esse desejo!!! Mãe sofre...

1 comentário:

Mestre disse...

Acima de tudo, o que é interessa é seres feliz. A fazer o que querias ou aquilo para o que estudaste não interessa, o tempo mostra que por vezes o mais belo esconde-se na próxima esquina