17.3.08

preenche a todos e a ninguém

se quisermos apenas acreditar naquilo que já sentimos
esbarramos em coisas estranhas, nunca as ouvimos e não as vimos
arrumamos o que não gostamos num quarto do mundo, seguimos mais fundo e de ombros encolhidos, de olhares desviados, andamos sempre fugidos e vestidos

fortalezas as nossas casas, tristezas as nossas carapaças
em cada pedra que mandamos fora, desperdiçamos energia, nem isso faz parar o relógio da vida, nem mesmo um único dia

se no meio de tanta gente não encontramos um espelho, será porque está tudo de costas ou refugiado em lugar alheio?
se nos dedicarmos a captar no olhar a verdade de cada mundo, de certo veremos muitas experiências sem precisar de ir muito profundo
não sei qual a melhor e a pior, nem sei se para estar vivo é preciso sabê-lo, sei que a solidão bate a muitas portas e o estado SÓ todos temem vivê-lo
também não sei se é preciso experimentar tão grande tristeza, a que preenche pessoas em todo o lado, mas em nenhum lado encontram mais do que essa cruel certeza
pelas praias, pelos autocarros, pelos centros de saúde (ou de encontro), anda tanta gente viva a sobreviver às pedras, sem sininho, no silêncio, no escuro, na velhice, na pena de quem viu antes um jovem, e agora apenas um corpo no caminho
a solidão é como a areia, cobre tudo!

chega aos mais infímos recantos, amarga, arrepia, derrama, e afasta os sonhos dos seus 1000 encantos
se basta a força do vento para mover moinhos, porque será que a vida humana não basta aos mais sózinhos?

mais um corpo que passa, mais uma vida que passou
a solidão preenche a todos, mas ainda ninguém a roubou

1 comentário:

Amaral disse...

Uma Páscoa santa e feliz!
E muitas guloseimas que inventem muitos outros doces momentos..