23.4.08

formas secas


quando a chuva cai, fugirás dela?
o que te desencantou da vida?
ou será que nunca te molhaste?
os pingos terão inundado a tua pele envelhecida?

quando caminhas pelos passos acostumados
na pressa e no peso que trazes contigo
e nos pensamentos falados e atrapalhados
pergunto, costumas brincar além fronteira do teu umbigo?

com quem falas depois dos sustos, quem ouve a tua lamúria?
e se dizes sempre o que pensas, o que guardarás com tanta fúria?
se te secaram as emoções, o que deixaste por fazer?
se te afastas do mundo das mulheres, o que te faltará viver?

deves transportar sonhos ocultos dos demais
e por trás dessa máscara dura, também terás os teus cristais!
se depois dos teus anos vividos, já não te prendes pelos sinais,
então, porque sorris aos desconhecidos e te pintas todos os dias iguais?
será que ainda sorris a umas flores? ou as acharias banais?

o que fará secar uma mulher? o que nos afasta da vida com emoção?
o que nos deixará a reboque de um trabalho? porque deixamos de irrigar o coração?

Mulher, no tempo de cultivar, prende o teu rosto ao dia,
entrega-te à luz da madrugada, experimenta a tua harmonia.
deseja o brilho dos primeiros raios, não aceites a noite como tua única companhia.
e se um ombro te for oferecido sem ensaios,
colhe-o se sentires nele a vontade de te querer viva com alegria.

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