todos temos cá dentro. de amor e ódio. de coisas que são só nossas. momentos e lembranças. e até poderíamos querer deitá-las fora, mas são nossas e fazem de nós os seres que existimos. deixamos que fiquem, quentes e escuros, guardados e enrolados. deixamos que permaneçam.
seres que existem através de nós, até sermos.
quem quiser traduzir por palavras vos digo que seria tempo de pouco proveito. chegarão as palavras para tal? bastarão essas tolas? mesmo aos amigos mais queridos, essas coisas quando ditas passariam a ser de outros como nós e, talvez ainda não tenham pensado nisso, mas provavelmente seriam de pouca compreensão. ofuscadas pela parte inflexível das palavras, pois mesmo o mínimo brilho que delas guardamos, incorre o risco de se esconder pelas letras tão padronizadas. mesmo assim, há quem se aventure na tentativa de trocá-las por palavras.
essas coisas que sentimos e mesquinhamente nos doem o pensamento e a alma são aqueles segredos!
os segredos existem enquanto somos.
aos que amamos e odiamos. as coisas que apenas a nós dizem respeito. são muitas e não pensem que escapam, não tenham nisso fé. quem vive inevitavelmente os criou. porque a vida é feita por uma parte que se vê, dá-se, traduz-se e outra dorida, sem cor e corpo e com m-u-i-t-a-a-l-m-a.
são nossos e sempre o serão.
e mesmo à alma que me conhece, a quem sou sincera, mesmo a essa, a quem sou tudo e quero todo o bem, não chegam 100 anos para tê-los, lê-los e compreendê-los.
podem ter voz. quando canto em tom de dor é apenas meu o som que trago em mim. tem dias que é som de alma, e outros com alma de outros. mas é minha a alma onde me guardo e onde cabem os meus segredos.
são pensamentos, ideias, amores e ódios. aquilo que sentimos.
segredos, seres que existem.
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