24.3.08

na flor d'olhar


simples somos, difíceis nos tornamos
as flores dos caminhos mais fáceis, são espinhos que cegamente abraçamos
no simples acredito e do complicado me afasto, que o tempo não me apresse, com tacto, quero tudo o que é
olftacto, olhos nos olhos, pé ante pé
sou grão, mero ser, com princípio e fim, tanto há que ainda hei-de saber, nada começa e termina em mim
de mim não escondo: actos são factos, não posso negar o que vivi, tudo o que gravamos no chão
amigos, guardamos bem fundo no coração
, não se compra a compaixão, nem a união, nem uma mão


na flor d'olhar
,
ante atribulada aflição, onde se podia ver impossível levantar, nasce tremenda força em simples atenção, sem medo de se lançar, de suar, de se juntar ao que ainda é vivo, sem precisar ser criativo
ganha-se do nosso ajeitar, ganha-se por sermos iguais a nós mesmos, no aceitar e estar lá, sem importar se já crescemos

as minhas palavras não são notícia, nas ossadas, até pesadas, deixo-me apenas sentir
se revelasse tudo o que vejo já ninguém me queria ouvir
falta-me jeito para explicar
assim olho a fita a rolar e vejo... muitas pessoas sem maldade na sua natureza, fechadas na sua pequenes que teimam em favorecer o mau da sua essência, que se arrastam e escolhem jorrar risos da cor da azeda
sinto... deixo-me apenas sentir...porque se esquecem de si? até quando resistem a viver sem fingir? como podem aceitar que alguém sinta, se nem conseguem sonhar? porque há pessoas que só vêm perdas? não houve nada para ganhar? curem-se as pessoas que se julgam com destinos marcados e se viciam em vitimas que hoje já não são
pendurados, agarrados aos cabides, não é preciso ter varinha de condão, nem chegar a carvão

desabafo só, não sei nada
não desespero, não me entrego, páro e se precisar espero, não aceito o papel envenenado
mas e apenas aquele a que sou fiel, contrário ao de condenado
o meu é meu, com o meu errar e as singelas loucuras
quero poder respirar, dormir a acreditar que os sonhos maus consigo transportar
e asseguro que dedico um lugar altivo às minhas doçuras.

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