6.8.07

Duro é mudar

Por certo, alguém um dia te disse “não mudes”.
Quando o oiço, logo na minha frente, tantos momentos, tantas decisões.
Se escrevesse sem respirar, apontaria em mim erros, fortes como açudes.
Esta corrida que às vezes faço recorda-me as grandes ilusões.
Constantes e ricas transformações.

Subo à velocidade de um raio.
Começa por fazer suar, inspiro forte, depois sufoco até gelar.
Falhas que cometemos, dores de barriga que carregamos, roupas camufladas que experimentamos e dissabores que desprezamos.
Do bom ao melhor, veio a chuva vestida a rigor para os dias alagar.
Rimos, festejamos, vestimos, despimos, gozamos, mais tarde guardamos.

Sobre a estrada quente uma névoa ilusória.

Diz-me se minto sobre o que falo.
Mataste o desejo, promessas e sonhos que não usaste.
Um coração que pudeste tocar, que abraçaste e apertaste sem saber quando largar.
Fácil afastar e difícil de enfrentar. Duro é mudar.
E largar o que partilhaste.

Esconder na ilusão do que sabes não sê-lo.

Por isso não me calo. Sou uma página que não leste e será que sentiste?
Preferiste aí ficar, no canto a reviver. E agora, nem teu parece, esse novo olhar.
Digo-te: segue. Estranhas, mas depois concluis que um dia nem me viste.

Não foste genuíno. Nem te culpes nem te censures.
Não sigas para o abismo, mas também não me leves contigo.
Por isso, mudo. Não me peçam para estagnar. Que numa vida somos milhões de borboletas, sempre a morrer e em luta para viver.
Paro e reparo, onde estiveste tu? Sai desse lado escuro.
Vê se te descobres. Sonho contigo quando ainda consigo...

Salta se és capaz. Experimenta a mudança.
Corre e vai atrás, desse lado bom que me mostraste, que é grande e revelador, que proteges com tanta dor, e a poucos deixas alcançar.
Dá sem esperar, que na curva há um atalho e não tropeces até lá chegar.

Depois recebe tudo devagar, saboreia as areias trazidas pelos ventos do deserto.
E se nessa altura, ainda estiver por perto…
Diz-me só que acordaste, sem me mostrares o caminho de como a ti chegar.
Se te sentir, vou desbravar. Se ainda te sonhar, a cada passo vou escutar esse bater. E se ainda me quiseres reconhecer, abre os braços…
…deixa-me te abraçar.
Foto:Voltada para o Céu:Agosto2007

5 comentários:

Anónimo disse...

Meu Deus...

És linda como ninguem, terna e dura,
sarcastica e meiga, mas sempre intensa!

Ninguem te pode ficar indiferente.
Continua... mereces chegar la.

*Um Momento* disse...

Abrindo os braços...
Abraçando-te


Visitando este teu cantinho, sorrindo por me dares a oportunidade de o conhecer
Voltarei:))

Desejo uma serena noite e...
Um beijo grande!!!

Até já :)))

(*)

Anónimo disse...

É muito simples, apregoar as nossas proezas, os nossos imaginários feitos, o carinho dado gratuitamente... o que é mais dificil é sermos humildes o suficiente para não pensarmos em nada disso e seguir com a nossa generosidade, elogiando, acarinhando... fazendo com que a pessoa que nós amamos se sinta feliz por ser importante para nós.

*Um Momento* disse...

passo...
Deixo cair um beijo

Tarde linda :))

(*)

Menina do Rio disse...

Lindo escrito! Mesmo com todas as dores de barriga que carregamos,todas as falhas, ainda assim seguimos adiante mesmo que tenhamos que deixar pra trás alguns sonhos que não acordaram...

Beijos