30.3.08

Sorrir e acenar

está em cada um escolher o percurso
se do lado da inveja ou um lado menos urso.

se não te podes defender, então ajuda saber:
corjas têm dias contados, sem dar corda aos sapatos
corações despedaçados, ardem sózinhos, morrem queimados e desolados
serão sempre mal tratados.
não acreditam,
apodrecem e definitivamente secam.

que tal arranjar uma vida? sarna para coçar?
ah! e nos entretantos escavem o cérebro
há minhocas por desenterrar.
liberdade não a sabem viver? então ultrapassem os fantasmas
e ponham-se a andar
longe para não vos ver,
ninguém gosta de se arrepender
se um dia vos cobri de escamas
hoje, larga-vos ao mar

e a tudo o mais ao qual não conseguirão escapar!
e, sem naufragar,
sorrir e acenar.

24.3.08

na flor d'olhar


simples somos, difíceis nos tornamos
as flores dos caminhos mais fáceis, são espinhos que cegamente abraçamos
no simples acredito e do complicado me afasto, que o tempo não me apresse, com tacto, quero tudo o que é
olftacto, olhos nos olhos, pé ante pé
sou grão, mero ser, com princípio e fim, tanto há que ainda hei-de saber, nada começa e termina em mim
de mim não escondo: actos são factos, não posso negar o que vivi, tudo o que gravamos no chão
amigos, guardamos bem fundo no coração
, não se compra a compaixão, nem a união, nem uma mão


na flor d'olhar
,
ante atribulada aflição, onde se podia ver impossível levantar, nasce tremenda força em simples atenção, sem medo de se lançar, de suar, de se juntar ao que ainda é vivo, sem precisar ser criativo
ganha-se do nosso ajeitar, ganha-se por sermos iguais a nós mesmos, no aceitar e estar lá, sem importar se já crescemos

as minhas palavras não são notícia, nas ossadas, até pesadas, deixo-me apenas sentir
se revelasse tudo o que vejo já ninguém me queria ouvir
falta-me jeito para explicar
assim olho a fita a rolar e vejo... muitas pessoas sem maldade na sua natureza, fechadas na sua pequenes que teimam em favorecer o mau da sua essência, que se arrastam e escolhem jorrar risos da cor da azeda
sinto... deixo-me apenas sentir...porque se esquecem de si? até quando resistem a viver sem fingir? como podem aceitar que alguém sinta, se nem conseguem sonhar? porque há pessoas que só vêm perdas? não houve nada para ganhar? curem-se as pessoas que se julgam com destinos marcados e se viciam em vitimas que hoje já não são
pendurados, agarrados aos cabides, não é preciso ter varinha de condão, nem chegar a carvão

desabafo só, não sei nada
não desespero, não me entrego, páro e se precisar espero, não aceito o papel envenenado
mas e apenas aquele a que sou fiel, contrário ao de condenado
o meu é meu, com o meu errar e as singelas loucuras
quero poder respirar, dormir a acreditar que os sonhos maus consigo transportar
e asseguro que dedico um lugar altivo às minhas doçuras.

22.3.08

Deixar ser ao outro

Pessoas e momentos para serem de valor costumam ser tidos como únicos.
Somos as mesmas pessoas perante pessoas e momentos diferentes, mas nunca conhecemos as nossas reacções a elas. Nunca sabemos totalmente quais são os nossos limites, porque uma parte do que fazemos não controlamos totalmente. Porque não somos totalmente racionais, lógicos e prevísíveis.
Há ocasiões que salientam em nós uma parte do que somos e outras há que despelotam outros EUs (tudo na mesma pessoa). Não sei se é por isso que, por umas temos mais empatia do que por outras, ou se é por isso que nos prendemos mais a umas pessoas do que a outras. Num mundo com tantas opções, alguns motivos hão-de ajudar a perceber a teoria da atracção, o que atrai umas pessoas a outras.
Uma coisa parece saber-se, é que há pessoas que permitem ao EU (que conhecemos) dar o seu melhor. Enquanto outras evidenciam os nossos traços que tentamos ocultar até de nós mesmos. Mas como temos poder sobre algumas coisas, as pessoas a quem dedicamos tempo podem ser uma escolha nossa.
Hoje passei aqui só porque me pareceu que muitas pessoas se esquecem de que têm opção.
Acabo de assistir ao filme Perfume de Mulher. Há pessoas no mundo com capacidade para nos fazerem sentir incrivelmente vivos!

21.3.08

"Hey you, come here. / Who, me?"

Gato Preto, Gato Branco, adoro este filme. Se querem rir, este faz-nos soltar belas gargalhadas. Só a banda sonora é um milagre, depois há toda uma cultura espelhada nestas cenas que é delirante. Ver para crer. Ou rever.


Maior certeza do que esta?

Já sentiram isto?
Mesmo que dê por mim perdida, que tente fugir de mim, assim do nada tropeço na minha vida e encontro-a sempre que é preciso!

teoria das palavras

sigo as lidas em muitos lábios, mas não me lembro da primeira
não sei quantas já usei, de quantas abusei?
nem por isso são de borla
algumas caras, outras desnecessárias e se se pudesse, algumas seriam apagadas
depois de proferidas jamais extintas
perduram nos versos, no que falamos e na distância
se tivessem tamanho real, onde caberia todo o legado?
todas as já ditas, as pensadas, as caladas, as espalhadas ao vento, as criadas ao ritmo das marés?
belisquem-me até à zona sub cutânea para ver se acordo da dimensão desta questão dura como velha côdea
oh brincalhões da troca, oh escritores e oradores! se as palavras se gastassem, que seria de nós, comuns pensadores?
compravamos, gravavamos, poupavamos, r-o-u-b-a-v-a-m-o-s
arquivavamos, ecoavamos as preferidas num túnel sem fim aparente
corremos o risco de as perder? de que se socorria nesse dia a nossa mente?
se perto de se esgotarem, alguém me ajudava nessa caçada?
eu enlouquecia pela falta só de privada de libertar a minha alma enevoada
cantem-se, calem-se, soltem-se, repitam-se, escrevam-se, risquem-se, corrijam-se
pintem-se, GRITEM-SE

não acabe o que se inventou para dar voz
à constante nascente que nos faz humanos,
que veste a ideia e a tudo o que sentimos em nós.

Páscoa

Páscoa Feliz : )

17.3.08

preenche a todos e a ninguém

se quisermos apenas acreditar naquilo que já sentimos
esbarramos em coisas estranhas, nunca as ouvimos e não as vimos
arrumamos o que não gostamos num quarto do mundo, seguimos mais fundo e de ombros encolhidos, de olhares desviados, andamos sempre fugidos e vestidos

fortalezas as nossas casas, tristezas as nossas carapaças
em cada pedra que mandamos fora, desperdiçamos energia, nem isso faz parar o relógio da vida, nem mesmo um único dia

se no meio de tanta gente não encontramos um espelho, será porque está tudo de costas ou refugiado em lugar alheio?
se nos dedicarmos a captar no olhar a verdade de cada mundo, de certo veremos muitas experiências sem precisar de ir muito profundo
não sei qual a melhor e a pior, nem sei se para estar vivo é preciso sabê-lo, sei que a solidão bate a muitas portas e o estado SÓ todos temem vivê-lo
também não sei se é preciso experimentar tão grande tristeza, a que preenche pessoas em todo o lado, mas em nenhum lado encontram mais do que essa cruel certeza
pelas praias, pelos autocarros, pelos centros de saúde (ou de encontro), anda tanta gente viva a sobreviver às pedras, sem sininho, no silêncio, no escuro, na velhice, na pena de quem viu antes um jovem, e agora apenas um corpo no caminho
a solidão é como a areia, cobre tudo!

chega aos mais infímos recantos, amarga, arrepia, derrama, e afasta os sonhos dos seus 1000 encantos
se basta a força do vento para mover moinhos, porque será que a vida humana não basta aos mais sózinhos?

mais um corpo que passa, mais uma vida que passou
a solidão preenche a todos, mas ainda ninguém a roubou

13.3.08

borboletas a voar

se fosse verdade
o desejo real
namorar esses dedos
cobertos de sal

vaguear pelos verdes
que iluminam a aventura
perguntar-te com atrevimento
doce ou travessura?

memoriza esses passos
no futuro irás precisar
mas agora que floresce
descontrai, há borboletas a voar

agora!
fecha os olhos
é o melhor
ficar no escuro
não digas nada
porque é agora que absorvemos o sabor

cruzámos muitas águas
até chegar a este porto
e se desta vez a corrente aumentar
sem medo,
o direito precisa do torto

mostra-me essas mãos
elas não mentem
deixa-me flutuar
quero ser nuvem...

mais que um cartão

pego em ti, simples cartão
um pouco amarrotado
poderias ter mais cor
mas aceito-te mesmo desgraçado

pego-te pelas orelhas
que corpo tem este pedaço
domino-te as dobras duras
e colo-te ao meu regaço

o calor que emanas
preciso em dias de Inverno
proteges-me do frio
e tudo o que me separa do inferno

se os raios forem fortes
segues-me até à sombra de uma arcada
sento-me em ti a beber os que passam
os seus corpos e a vida emporeirada

se o dia é de chuva... então és como a lágrima
por onde passa amolece
nem preciso de te rasgar
ficas encolhido e tudo te entristece!

pego em ti gentil cartão
dás-me que sobra quando estou comigo
enrolo-te mais um pouco
fumo-te e relaxo o mais que consigo

ora, fizeram-te belos recortes!
agora estás todo pimpão,
deram-te formas redondas
e és um postal em forma de coração!

9.3.08

Festival da Canção dos Coitadinhos

"Opá, pois concerteza fico chateada!" - estilo à Gato Fedorento. Nada tenho contra a bela da Vânia Fernandes, nem à Sra do Mar, a música também é bonita! Mas quando, pergunto outra vez QUANDO? Quando vamos abandonar as votações nos coitadinhos, quando vamos deixar de mandar os nossos representantes pelas votações dos amigos e das amigas, neste caso, de um arquipélago inteiro?
Sim, estou arreliada. Então e uma música alegre? Alguém tem visto os vencedores dos últimos festivais?! Porquê não optar pelo entusiasmo, alegria (!) ao invés do simples drama em que mergulham os portugueses?
Raios... não foi desta. Vou dormir com a convicção de que, mais uma vez, não se fará história na nossa adormecida participação no Festival da Canção.
Simone, canta lá a Desfolhada! Lembra-lhes lá a força. E os ABBA!!!!!!!!!!!!!!
PS: Mãezinha, dorme mais um pouco que não perdeste nem pitada. Já se sabia.

8.3.08

fórmula do meu ser

podia aniquiliar a fórmula do meu ser
para te salvar do escuro e dessas penas que te cobrem
podia ter ficado e abraçar-te para sempre
mas alguns de nós descobrem a tempo que nada nem ninguém tem esse poder

dependeria de mim não chover naquele dia?
estaria ao meu alcance esperar por ti, para te veres?
faria sentido acordar só por ti e para ti se queres continuar a ter pena de ti?
para quê continuar a vida num contínuo desnecessário e penoso?

não preciso de saber o que pensas, não mais!
quero saber a que sabe a chuva de um qualquer dia
não quero saber como o Sol queima a tua pele
realmente prefiro ser fiel a mim mesma
manter o respeito por mim mesma a perseguir-te como a um sonho

e se lá longe te encontrar depois do adeus
não escolho odiar-te
ainda assim, com motivos para te apagar
sorrirei porque um dia te abracei

1laranja + 1laranja = amor


Referi-o aqui diversas vezes e não me canso de o defender: a vida não é banal.
Começo este post talvez pelo seu fim.
Vou ao Google e busco. Vou ao hi5 e pesquiso. Vou ao mar e pesco. Respiro e inspiro ar. Caio e encontro o chão. Salto e elevo o corpo. Falo de sentimentos e toco os motivos porque vivemos. Sinto e sou. Não procuro ser. Muitas vezes encontro-me! Dou-me e sinto. Não procuro dar-me.
Amo e estou na casa do amor. Não busco amor. O amor vive-se, experimenta-se, partilha-se, dá-se, recebe-se, cultiva-se, cresce, desgasta-se.
Aos 28 anos é ponto assente: o amor encontra-se, constrói-se, não se procura.
Crescemos e logo aumentam as nossas histórias, mudam as nossas referências, ganhamos defesas, desfazemos preconceitos e evoluímos. Não evoluímos todos no mesmo sentido (é como a economia: evolução positiva, negativa ou estagnação). Não temos os mesmos quereres, vontades, nem a mesma noção do sentido da vida, da importância de cada dia, do valor das pessoas, dos momentos, do valor único de cada um.
Não acho que existam diferentes formas de amar. Mas ao mudar o objecto que amamos (pai, companheiro, amigo), muda a forma como vivemos o amor, como este se traduz. Praticamos o amor na forma como o sentimos. Não sentimos atracção física por todas as pessoas que amamos.
O modo de sentir também evolui, não na intensidade, mas aquilo que lhe associamos: as expectativas, os valores positivos e negativos.
Posso já ter achado que faria sentido que a pessoa para a vida devesse ter o que eu não tenho, o que eu não sou, porque associava isso à plenitude, harmonia, à felicidade encontrada em partilhar o que sou com uma pessoa assim. Hoje rio-me disso! Olho à volta e procuro entender se isso faz sentido nas relações que tenho ou que tive. Hum... Não faz. Nas pessoas com quem me rio, não faz. Com quem passo os meus dias, também não! Então porque faria sentido entregar a alguém o lugar da minha metade? Para garantir o quê? Para receber o quê, a metade?
Somos o que somos. Alguém é o que é. E é por ser quem sou que alguém se interessa, se apaixona e pretende que a sua vida passe pela minha. Não porque sou lutadora e essa pessoa é menos do que eu. Ou porque eu gosto de fado e essa pessoa gosta de música disco. Ou porque sou romântica e a outra pessoa é mais terra-a-terra.
Isso seria entender que a nossa felicidade em comunhão com alguém dependeria única e exclusivamente de como a outra pessoa é e do que eu não sou. Bem, seria fácil, básico! O amor seria algo totalmente racional, previsível, controlado... TRETAS. E ignoramos o que sentimos? O poder que temos? O valor das nossas acções?
O amor faz-se a 2. Não se faz com duas metades. O amor não são 2 metades de uma laranja, mas 2 laranjas. Cada uma no seu todo, com as suas características intrínsecas, com os seus travos amargos e doces. Cabe-nos encontrar alguém com que nos sintamos bem, que nos respeite, mereça o nosso respeito, as nossas lutas diárias e nos aceite como e pelo que somos, que aprecie/valorize a nossa companhia e também tudo o mais que faz parte de nós, defeitos + virtudes. Que nos ache extraordinários e mesmo assim esteja ao nosso lado quando caímos, falhamos e deixamos de ter força para acreditar. Lá está, extraordinário o ser que decide estar ao lado de outro ser para o que der e vier e, nos momentos menos bons, recorde a outra pessoa da sua força e lhe mostre os motivos pelos quais vale a pena escolher viver uma vida que não é banal.
Já agora, o amor não se basta, o amor precisa de espaço, liberdade e um lugar importante: o do elo invisível que suporta a vida.
Jamais aceitar que as pessoas se juntam umas às outras porque a sociedade impele a que a vida seja vivida a dois, mas e somente pelo sentido que isso faz na vida de cada um.

2.3.08

Jardineiros Amadores

Foto:Jardineiro Amador:Samarra:Março2008

À primeira.
Se me pusesse aqui a falar das primeiras impressões, dava convosco voltas ao mundo e juntávamos milhares de opiniões! Não sendo as mais certeiras, são as que prevalecem.
Tantas vezes damos por nós a dizer "e eu que te julguei assim". Ou então "tens essa cara de anjo, mas depois...". Ou ainda: "quando te conheci não fui nada com a tua cara". As primeiras impressões enganam-nos e mesmo assim temos uma forte tendência para nos guiarmos por elas.
Na vida o que acontece certo à primeira? Tiramos a carta e engatamos bem o carro à primeira. Hum... conseguimos fazer bem um passo de dança à primeira. Pronunciamos bem uma palavra estrangeira à primeira. Sei lá, muitas coisas podem sair bem à primeira. Normalmente chamamos-lhe "sorte de principiante".
À segunda.
O amor à primeira vista é daquelas crenças que não tenho. Continuo irremediavelmente romântica. Isso está em mim, sou-o. Bem, então podia lá voltar uma segunda vez, podia ser que à segunda lá passasse e fosse amor. Mas nestas coisas a sorte não é predominante, não no amor.
Há dez anos, estava no Bairro Alto quando um adulto me revelou a seguinte crença "o amor é atenção". Claro, eu tinha 18 anos, ouvi, aceitei, mas pareceu-me assim um dado adquirido que eu não queria adquirir!
Anda tanta gente a falar de amor. Aqui, ai e ali. Na TV, na rádio, nas músicas, nos livros, no cinema, no teatro, nos cafés, nas revistas, na internet... Não passaram já tantos anos para se saber do que se trata então? Todos queremos saber. Humano complica, não é? Quem é que ainda não se perguntou: "será amor?"
Mudará com a época? De geração para geração? Tem cores diferentes?
O amor mais longo que conheço é o que vivo na minha casa. Tenho, dou, partilho amor há 28 anos. É diferente daquele amor que as músicas falam? Não chamo amorzinho, ou honey à minha mãe, nem lhe digo que é o meu Sol, mas lá por isso não deixa de sê-lo.
O que me faz amar as pessoas com que vivo durante estes anos? Entendimento, atenção, cuidado, carinho, comunicação, preocupação, admiração, respeito, amizade, agradecimento, e tantas coisas mais.
Dizem os brasileiros uma expressão engraçada "familia a gente não escolhe". Pois é, nascemos numa familia. Mas escolhemos com quem queremos juntar à nossa ou para construir a nossa-nossa família. É aqui que c-o-m-p-l-i-c-a-m-o-s.
Obviamente que não vou casar com eles. Faço apenas este aparte para entender o que faz com que as pessoas se amem pela vida, se desejem numa vida, sintam falta na ausência dos dias não partilhados lado-a-lado, dias que são tudo menos banais.
À terceira... diz o português que é de vez!
O amor não nasce num encontro, numa troca de olhares, nuns roçanços quentes, no encantamento por um decote, na atracção por um corpo esculpido, numas pernas musculadas, num perfume tcham, num sorriso encantador.
Acerca da paixão já acredito em algo diferente. A paixão nasce assim. A paixão é selvagem. Não precisa de ser semeada ou regada. À primeira, a paixão pega. Sustentada por uma luz forte e doce, uma água caida do céu e com cores sonhadas.
O amor precisa de ser naturalmente cuidado, naturalmente regado, luz natural q.b., ciclos, épocas como a Primavera e também o Inverno. Tem de ser naturalmente bem-vindo para resistir aos tufões, deve ser naturalmente genuíno. Não deve ser preso ou vedado, mas deve ser abraçado.
As flores campestres são as minhas preferidas. Posso tê-las em canteiros, mas não será a mesma coisa que vê-las num passeio pelo campo.
O amor precisa de ar, liberdade, admiração, amizade, música, chuva, Sol, Lua... de momentos partilhados, de zangas superadas, de discórdia e, consequentemente, de crescimento.
Diria por fim que, quem conhece e concebe o amor é um autêntico jardineiro amador! Amador porque não precisa de tirar um curso, de se formar em jardinagem. Precisa sim, de ser atento ao seu jardim, e cuidar, e fazer crescer, e cuidar, e suster, e cuidar, e acarinhar, e cuidar, e resmungar, e cuidar, e amparar, e cuidar, e admirar, e cuidar, e agradecer, e cuidar, e receber, e saber ter, e saber partilhar o que tem com outras pessoas, e cuidar : )
Amamos a quem damos atenção e/ou damos atenção a quem amamos, de quem cuidamos. Não poderei hoje deixar de aceitar algo tão simples (mesmo que incompleto): amor é atenção.