Referi-o aqui diversas vezes e não me canso de o defender: a vida não é banal.
Começo este post talvez pelo seu fim.
Vou ao Google e busco. Vou ao hi5 e pesquiso. Vou ao mar e pesco. Respiro e inspiro ar. Caio e encontro o chão. Salto e elevo o corpo. Falo de sentimentos e toco os motivos porque vivemos. Sinto e sou. Não procuro ser. Muitas vezes encontro-me! Dou-me e sinto. Não procuro dar-me.
Amo e estou na casa do amor. Não busco amor. O amor vive-se, experimenta-se, partilha-se, dá-se, recebe-se, cultiva-se, cresce, desgasta-se.
Aos 28 anos é ponto assente: o amor encontra-se, constrói-se, não se procura.
Crescemos e logo aumentam as nossas histórias, mudam as nossas referências, ganhamos defesas, desfazemos preconceitos e evoluímos. Não evoluímos todos no mesmo sentido (é como a economia: evolução positiva, negativa ou estagnação). Não temos os mesmos quereres, vontades, nem a mesma noção do sentido da vida, da importância de cada dia, do valor das pessoas, dos momentos, do valor único de cada um.
Não acho que existam diferentes formas de amar. Mas ao mudar o objecto que amamos (pai, companheiro, amigo), muda a forma como vivemos o amor, como este se traduz. Praticamos o amor na forma como o sentimos. Não sentimos atracção física por todas as pessoas que amamos.
O modo de sentir também evolui, não na intensidade, mas aquilo que lhe associamos: as expectativas, os valores positivos e negativos.
Posso já ter achado que faria sentido que a pessoa para a vida devesse ter o que eu não tenho, o que eu não sou, porque associava isso à plenitude, harmonia, à felicidade encontrada em partilhar o que sou com uma pessoa assim. Hoje rio-me disso! Olho à volta e procuro entender se isso faz sentido nas relações que tenho ou que tive. Hum... Não faz. Nas pessoas com quem me rio, não faz. Com quem passo os meus dias, também não! Então porque faria sentido entregar a alguém o lugar da minha metade? Para garantir o quê? Para receber o quê, a metade?
Somos o que somos. Alguém é o que é. E é por ser quem sou que alguém se interessa, se apaixona e pretende que a sua vida passe pela minha. Não porque sou lutadora e essa pessoa é menos do que eu. Ou porque eu gosto de fado e essa pessoa gosta de música disco. Ou porque sou romântica e a outra pessoa é mais terra-a-terra.
Isso seria entender que a nossa felicidade em comunhão com alguém dependeria única e exclusivamente de como a outra pessoa é e do que eu não sou. Bem, seria fácil, básico! O amor seria algo totalmente racional, previsível, controlado... TRETAS. E ignoramos o que sentimos? O poder que temos? O valor das nossas acções?
O amor faz-se a 2. Não se faz com duas metades. O amor não são 2 metades de uma laranja, mas 2 laranjas. Cada uma no seu todo, com as suas características intrínsecas, com os seus travos amargos e doces. Cabe-nos encontrar alguém com que nos sintamos bem, que nos respeite, mereça o nosso respeito, as nossas lutas diárias e nos aceite como e pelo que somos, que aprecie/valorize a nossa companhia e também tudo o mais que faz parte de nós, defeitos + virtudes. Que nos ache extraordinários e mesmo assim esteja ao nosso lado quando caímos, falhamos e deixamos de ter força para acreditar. Lá está, extraordinário o ser que decide estar ao lado de outro ser para o que der e vier e, nos momentos menos bons, recorde a outra pessoa da sua força e lhe mostre os motivos pelos quais vale a pena escolher viver uma vida que não é banal.
Já agora, o amor não se basta, o amor precisa de espaço, liberdade e um lugar importante: o do elo invisível que suporta a vida.
Jamais aceitar que as pessoas se juntam umas às outras porque a sociedade impele a que a vida seja vivida a dois, mas e somente pelo sentido que isso faz na vida de cada um.