29.1.07

Toranja - Quebramos Os Dois

Eu a convencer-te que gostas de mim,
Tu a convenceres-te que não é bem assim.
Eu a mostrar-te o meu lado mais puro,
Tu a argumentares os teus inevitáveis.
Eras tu a dançares em pleno dia,
E eu encostado como quem não vê.
Eras tu a falar para esconder a saudade,
E eu a esconder-me do que não se dizia.
Afinal... Quebramos os dois afinal.
Quebramos os dois...
Desviando os olhos por sentir a verdade,
Juravas a certeza da mentira,
Mas sem queimar de mais,
Sem querer extingir o que já se sabia.
Eu fugia do toque como do cheiro,
Por saber que era o fim da roupa vestida,
Que inventara no meio do escuro onde estava,
Por ver o desespero na côr que trazias.
Afinal... Quebramos os dois afinal.
Quebramos os dois afinal.
Quebramos os dois afinal.
Quebramos os dois...
Era eu a despir-te do que era pequeno,
Tu a puxar-me para um lado mais perto,
Onde se contam histórias que nos atam,
Ao silêncio dos lábios que nos mata.
Eras tu a ficar por não saberes partir,
E eu a rezar para que desaparecesses,
Era eu a rezar para que ficasses,
Tu a ficares enquanto saías.
Não nos tocamos enquanto saías,
Não nos tocamos enquanto saímos,
Não nos tocamos e vamos fugindo,
Porque quebramos como crianças.
Afinal... Quebramos os dois afinal.
Quebramos os dois afinal.
Quebramos os dois...
É quase pecado que se deixa.
Quase pecado que se ignora.

Damien Rice - The Blower's Daughter

http://www.youtube.com/watch?v=n3lYNqHhzjc&mode=related&search=

the blower's daughter

and so it is
just like you said it would be
life goes easy on me
most of the time
and so it is
the shorter story
no love no glory
no hero in her skies
i can't take my eyes off of you
and so it is
just like you said it should be
we'll both forget the breeze
most of the timeand so it is
the colder water
the blower's daughter
the pupil in denial
i can't take my eyes off of you
did i say that i loathe you?
did i say that i want to
leave it all behind?
i can't take my mind off of you
my mind'
til i find somebody new

Advogado

Um agente de trânsito manda um advogado que conduzia EM EXCESSO DE VELOCIDADE parar. Trava-se a seguinte conversa:
Agente: Boa tarde, Senhor! Posso ver a sua carta de condução?
Advogado: Não tenho. Foi suspensa na última vez em que cometi uma infracção.
Agente: Posso então ver o registo de propriedade do veículo?
Advogado: O carro não é meu. Roubei-o!
Agente: O carro é roubado?
Advogado: Sim, é verdade. Mas agora que penso nisso, acho que vi o registo de propriedade no porta-luvas, quando lá pus a minha pistola...
Agente: Tem uma pistola no porta-luvas?
Advogado: Sim. Coloquei-a lá depois de matar a dona do carro e colocar o corpo dela no porta-malas.
Agente: Tem um corpo no porta-malas???
Advogado: Sim, senhor.
Ao ouvir isso, o agente chamou imediatamente o seu superior. O carro foi rapidamente cercado por um cordão policial e o capitão aproximou-se do veículo para controlar a situação.
Capitão: Senhor, posso ver a sua carta de condução?
Advogado: Claro, aqui está ela. (A carta é válida)
Capitão: A quem pertence este veículo?
Advogado: É meu, senhor guarda. Aqui tem o registo de propriedade. (O carro é, de facto, propriedade do condutor)
Capitão: Abra, por gentileza, o seu porta-luvas, lentamente, por favor..
Advogado: Sim, senhor. (O porta-luvas está vazio)
Capitão: Quer abrir o porta-malas, por favor?
Advogado: Sim, senhor. (Vazia, não tem corpo nenhum)
Capitão: Não compreendo. O agente que o mandou parar disse que o senhor afirmou não ter carta de condução, ter roubado o carro, ter uma arma no porta-luvas e um corpo no porta-malas!!!
Advogado: Ah!! E aposto que ESSE MENTIROSO também disse que eu ia em excesso de velocidade... só me faltava mais essa!!!

Ao Espelho - Margarida Rebelo Pinto

"Há qualquer coisa de profundamente irresistível nos homens que nunca deixam de ter ar de rapazes que jogam à bola e vão a pé para o liceu.
O olhar aceso de quem acabou de roubar chocolates da dispensa, o andar errático, os cabelos sempre despenteados, as mãos claras, direitas e sem marcas do tempo e o riso tímido como se fosse sempre a primeira vez. São meninos para sempre e podem viver para sempre no coração de uma mulher. Tu és assim uma espécie de rapazinho capaz de grandes tropelias que esconde a idade atrás da candura que nunca perdeste, apesar de todas as marcas que foste herdando dos dias; a infância guardada numa caixa escondida debaixo da cama, a adolescência dos copos e das drogas leves, o teu melhor amigo que roubou a miúda de quem gostavas no Verão em que fizeste 18 anos, a primeira vez que andaste à pancada, o medo do outro ser mais forte e de se rirem de ti, a vontade de sair de casa e abraçar o mundo, e depois a solidão repartida entre as mulheres que desejaste e nunca tiveste e as outras, as que te incendiavam o corpo e te deixavam o coração em pedra porque nunca as amaste. Depois cresceste, começaste a trabalhar, a usar fato e gravata quando era preciso e agora, todas as manhãs, ao espelho, perguntas à tua imagem quem és tu afinal, a viver numa cidade que não é tua nem de ninguém numa casa pequena demais para os teus sonhos que se dissolvem no vapor do duche da mesma forma que já perdeste uma ou
duas mulheres que não soubeste ou quiseste amar da forma certa, aquela que faz com que as pessoas continuem juntas pela vida, como se tivessem sido separadas à nascença e um fio invisível as voltasse a unir para sempre. E perguntas à tua imagem onde vês um homem mais
baixo, menos belo e menos inteligente do que na realidade és se essa mulher já passou pela tua distracção ou se a divina providência ainda ta pode trazer, vestida de Primavera com os cabelos compridos e um sorriso tão sem idade como o teu. Imaginas a sua chegada como se descesse de um baloiço suspenso das nuvens, as pernas compridas e os braços estendidos, o cheiro adocicado da pele clara, a boca a pedir atenção e o olhar a perguntar-te se a vais escolher, quando foi ela
que já te escolheu e só te está a dar a ilusão que és tu que mandas nas tua vida. Ao espelho, onde vês o reflexo entre o homem que és e aquele que gostarias de ser, respiras fundo e desejas que essa mulher chegue um dia, mas não demasiado cedo para te assustar nem demasiado tarde porque entretanto pode aparecer outra e tu vais deixar-te ir, convencido que é essa e não eu a mulher da tua vida. O que tu não sabes, meu querubim cansado, é que do outro lado do espelho eu te vigio, como se fosse o teu avesso e te protejo, como se fosse o teu presente, e te desejo, como se pudesse ser o teu futuro. Mas é ainda demasiado cedo, é ainda tempo de guardar no silêncio dos dias a vontade de te querer. É ainda de manhã e tu estás atrasado para o trabalho e eu estou adiantada na tua vida, por isso respiro fundo do outro lado da tua imagem e espero, sentada no baloiço, lá mesmo em cima, para que não me vejas, que um dia dês o salto para o outro lado da tua vida e sejas quem sempre sonhaste para que te vejas ao espelho
como eu já te vejo, como tu és."
http://margarida.clix.pt/

28.1.07

Palco Seguro

Porque há coisas que não têm explicação, o medo de errar ou falhar no amor parece fazer com que num momento único coloque tudo em causa e ponha os pés pelas mãos. E quando procuro a explicação, saem as maiores estupidezes.
Num fundo sem medida deparo-me com um medo que desconhecia. Que toma conta de tudo: o corpo fica seguro e não sereno, os olhos gelados e a cabeça pede ao corpo que dê sinal de paz e se deixe controlar pelo coração. Sinto uma força tão grande, tão egoísta, que dá alento às palavras mais duras e sustenta a ideia de que tudo na vida se controla.
Não me lembro de amar com tanto medo.
Erradamente deixo que o medo entre em cena e se torne a personagem principal. Erradamente deixo que ele me acautele. Egoisticamente, esqueço tudo o que de melhor pode haver na vida e os olhos vêm pouco: apenas o vento que move o medo.
Felizmente, sou uma pessoa de sorte! Tenho quem me agarre e me empurre para um palco seguro. Tenho do meu lado quem nesse momento consegue chegar até mim e, sem palavras, lembrar-me que vale a pena viver amor sem o medo e: ACREDITAR.
És sempre tudo, mesmo quando me sinto NADA.
(11/21/2005)

Mensagem de Shakespeare




"Depois de algum tempo aprendes a diferença, a subtil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E aprendes que amar não significa apoiar-se e que companhia nem sempre significa segurança. E começas a aprender que beijos não são contratos, presentes não são promessas. E não importa o quão boa seja uma pessoa, ela vai ferir-te de vez em quando e precisas perdoá-la por isso. Aprendes que falar pode aliviar dores emocionais. Descobres que se leva anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que podes fazer coisas num instante, das quais te arrependerás pelo resto da vida. Aprendes que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que tu tens na vida, mas quem tens na vida. Descobres que as pessoas com quem mais te importas na vida, são tiradas de ti muito depressa; por isso, sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas; pode ser a última vez que as vemos. Aprendes que paciência requer muita prática. Aprendes que quando estás com raiva tens o direito de estar com raiva, mas isso não dá o direito de seres cruel. Aprendes que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém. Algumas vezes, tens que aprender a perdoar-te a ti mesmo. Aprendes que com a mesma severidade com que julgas, tu serás em, algum momento, condenado. Aprendes que não importa em quantos pedaços teu coração foi partido,o mundo não pára para que o consertes. E, finalmente, aprendes que o tempo, não é algo que possa voltar para trás.
PORTANTO, planta o teu jardim e decora tua alma, ao invés de esperar que alguém te traga flores. E percebes que... Realmente podes suportar... que realmente és forte, e que podes ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor, e que tu tens valor diante da vida! E só nos faz perder o bem que poderíamos conquistar, o medo de tentar!"

Entre a Euforia e a Disforia

O drama tem estética e suor / Escrita pelo Criador / Representada pelo actor / Vivida pelo humano com dor
No espectáculo sem maquilhagem / Corre a euforia / Nervosamente pensam-se palavras / E é um esconde-esconde no dia-a-dia
Comunicam-se imagens falsas / Encobre-se um manto de neuroses / Tenta-se fazer crer através de olhos que fogem no confronto / E as mentiras vão fazendo nascer as psicoses
Saltita-se entre estados tão diferentes / Amargamente animam-se situações / Suportam-se ideias para não encontrar o escuro / E no meio da noite, aparece a solidão carregada de desilusões
A personagem encontra-se no meio do corredor / Parece que o público enfim apareceu / O medo de estar nu é vivido em segredo / E só o actor o percebeu
Como se repentinamente caisse a cortina / Se decobrissem todas as encenações / Não se controla a disforia / E desapareçam as forças que suportam a rebelião de emoções
Seria o momento para dar descanso ao pulmão / Tomar um banho e abrir a janela da auto-aceitação / Respirar compassadamente e sem pressão / E fazer pelo menos um bem ao coração.
(02/06/2006)

Novo Nim

Parece que há algum tempo que cada dia dos meus dias é novo. Como se em cada dia começasse algo de novo. Que começasse quase tudo.
E o que é que começou ontem de novo?
O “novo” não é o do novamente. É o novo da novidade. E não é a novidade do geral, do para tudo e todos. É a novidade da descoberta.
Hoje (e é também, afinal o novamente!!!!) tornei a descobrir que na minha vida faço pouco do que quero, do que realmente quero.
Quero isto e vou, para mim, fazer isso. E proponho ao meu corpo o que quero.
É quando consigo dizer e deixo passar isso para o corpo que faço o que me faz sentir bem. Que faço o que tenho jeito. Que consigo o que sonho. Que me sinto realizada.
Quero tanto algumas coisas. E o que me impede? Fantasmas e monstros que criei na minha cabeça. Que crio no consciente e passam constantemente do “in” para o “con”.
Hoje fiquei triste, frustrada, zangada com as minhas forças. Onde andaram? Onde estiveram? Porquê tão inertes? Porquê tão longe? Porque não surgiram na hora certa?
Porquê? Porquê?!! Não adianta colocar tantos desses ao meu eu. Não vou encontrar a mesma quantidade de respostas para a mesma quantidade de perguntas. À velocidade em que surgem na cabeça não dá para lhes dar sempre a mesma importância. E, no final das contas, nem adianta. O tempo corre rápido na idade e lento nas respostas. O pensamento corre rápido, a “cabeça-órgão” trabalhará sempre ao mesmo ritmo. Não adianta. A cabeça quando criada o tempo já existia. Foi uma adaptação involuntária que hoje é incontornável e irrefutável.
Mas estou muito melhor. Já consigo pensar o mesmo, dar menos importância a cada porquê e agir mais. Foi um renascimento no meu poder interior porque lutei e estou, faseadamente, a conseguir aprender a dominá-lo, conquistá-lo. Aprendo-o a cada hora que passa. Porque cada hora marca o tempo. Porque cada hora é uma marca. E cada dia tem 24 dessas marcas!!! Por isso, cada dia é um dia novo. Cada marca é uma descoberta e sinto-me eu, Primavera quando o Inverno ainda faz das suas.
Hoje, hoje, hoje!!!
Estou na “Central da Baixa”. Estamos! Eu, mais um grupo de senhoras “minhas avós”, mais duas senhoras “minhas avós” (uma é uma avó com uma aparência jovem com chapéu, com pele esticada, pintada, para a modernice), mais “meus empregados”, mais “meus companheiros do café” que esfomeados procuram o mesmo querer. E eis que chega mais uma avó. Senta-se onde antes duas minhas outras avós falavam dos “diabretes”: “coma cenoura de manhã, em jejum e isso baixa. A minha Mãe tinha 300 e tal e baixou para 230. Claro, continuou a tomar os comprimidos do médico…”
Em tantas “minhas avós” encontro a minha avó. Vou querer um dia ser a avó de alguém. Ai vou vou! Há umas tão contentes. Tão risonhas. Oxalá um dia me sente a tomar chá e a comer torradas como elas, pois hoje sei que um dia vou querer ser a tua, a Vossa, a de alguém “minha avó”.
O Sr. Simpático “meu empregado” deve interrogar-se o porquê de uma jovem como eu não parar de escrever.
Já foi a meia de leite e a meia torrada. Olha o equilíbrio: “mente sã, em corpo são”. Acredito piamente no equilíbrio! O Sr., esse “meu empregado”, não deve querer o mesmo, mas hoje sei o que quero.
Ele quer sair, acabar o turno. Eu quero ser, estar, acreditar, encontrar os meus quereres, eu hoje sei que quero estar aqui, assim…
Vão-se fazendo horas. O tempo… a hora…
E uma nova marca se aproxima. Já bateram as 18h. Já estou numa nova marca. Estou e quero estar nela. E na outra e na outra e na outra.
Este meu turno só pára quando for dormir.
(08/04/2005)

Prometi a mim mesma escrever

Prometi a mim mesma escrever
Com a simplicidade do meu olhar
Para me afastar do previsto
E poder partilhar

A vida tem muitos lados
E eu divirto-me com ela
Quando a olho de fora como um ET
E confirmo: sou uma personagem dentro de uma tela

No bus com tantas damas e damos
Apercebo-me da realidade
É aquela dose que me faz falta
Para sentir a normalidade

É uma necessidade consciente
De uma citadina forçada
Que precisa de parar e olhar
Para descobrir para onde é a caminhada

Calço os ténis então
E tudo retoma o sentido
Volta aquela comichão
De querer viver à descoberta do colorido

Que o preto e o branco
Faz milagres na fotografia
E meus amigos
A vida não é uma radiografia

Não traz certezas tão definidas
Com estruturas tão estudadas
É antes a pintura de um artista
Que certamente deixará pegadas

Escolho o tema da nascença
A força do grito da vida
A alegria de um novo SER
E o alerta de uma nova corrida

A etapa que alguns anseiam
Na arte, no corpo… quando se sonha
Toca uma infância de ontem
Revive o medo que a montra o exponha

O receio da queda
Da susceptibilidade, fragilidade
Dá pujança à costela criativa,
Alimenta a humanidade!

Pega-se na cria e percebe-se
Que a vida é cruel
A crítica serve-se fria
Amarga como fel

Mede-se a liberdade da criação
Para preparar o ser intacto
Analisa-se a dose de protecção
Tenta-se sempre diminuir o impacto

Entraram, viram, respiraram
Inspiraram julgamentos
Mais tarde trocam confissões
Longe do criador e dos seus pensamentos

E quando nasce é tão bonito
Criado por peças diferentes
Resultado de uma natureza brilhante
Através de químicas atraentes

Ainda insurge o desdém
Cruzando palavras com maldade
Pois que mesmo o fenómeno mais incrível
Faz destacar seres que alimentam a sujidade

Mas é Sol de pouca dura
Que o bronzeado prolongado
Que permite aquele dourado
Não é saber de qualquer gato-pingado!

Por isso, se deixe criar
Uma verdade… mesmo sem mel
Que quem cria tem consciência
De dar voz a um simples pincel

E depois que mal tem?
Proporcionar o aumento da sensação?
Alguém vai reparar no que nasceu
E tirar daí a sua refeição.

Quem respira e deixa respirar livremente
Encontra sempre um amanhecer
A oportunidade de uma nova luta
E a certeza de viver o SER!
(08/16/2005)

Putéfias

Alguém sabe porque nos juntamos a comentar
A sanita do compadre, mais a saída nocturna do padre
Alguém desse lado me pode ajudar?
Porque nos preocupamos com o tamanho da saia da comadre?

Conversando sobre pessoas
Descobrem-se muitas carecas
Cospe-se para o ar tantas certezas
Uma mistura de casos com quecas

O gay que anda com um man casado
Perto do campo escondem-se relações
Pessoas que trocam de pessoas
Muitas confusões!

Falamos de uma vila
Tantas há por este país
Com tantas histórias e tão parecidas
Todos se conhecem desde a raiz

Na cidade é tudo igual
Mas não se sabe quem dorme com quem
Cruzam-se muitas mais pessoas
Numa velocidade de vaivém

Chamam-se putéfias a elas
O encorning entre todos
Aos homens o que chamam?
Encornados, azarados... coitados!!!!

A confiança entre as pessoas
Aumenta ou diminui com a idade?
Crescemos e somos mais honestos
Ou isso nunca é a realidade?

Sociedade maxista
Preconceitos... alguns exagerados
A vida de todos nós relatada
Daria muitos livros pesados!

E quem fala, do que é que fala?
De si? Do seu? Da sua?
Claro que dos outros é mais giro
Apontar o dedo a quem vai na rua.

Acontece aos outros
A quem procura aventura
Afina quem faz isso?
Ninguém... só os que não têm cura.

Será? Serão?
Quem somos nós afinal
Habitamos em cascas de ovo
E nunca vemos o nosso mal.

É da bebedeira.. e do Verão
É da noite e da escuridão
Ou é da emoção? Ou da excitação?
Como posso saber, isso só acontece ao meu irmão :D

Mas sabe bem no café o cu sentar
Beber um cimbalinho bem docinho
Relaxar e observar
E amargar a vida do vizinho.

Vá roguem pragas aos que o fazem
Neguem que alguma vez o tenham feito
Nunca na vida tricotar uma manta de retalhos
Nós não temos esse defeito...

Será feitio? É natural dos humanos? Do tuga?
O francês, espanhol... povo italiano
Não abrem a boca desse tamanho?
Então como passam todo o ano?

Pois que estou na mesma!
Então porque se debate nas esplanadas
O tamanho do autoclismo do vizinho?
Como diria o outro: eu é mais rabanadas!
(2005)

27.1.07

Conversa Controversa

Vou escrever sem saber muito bem o que vou dizer. Mas a pergunta surge tantas vezes que até já tinha desistido de pensar no assunto. Antes era eu que a colocava. De há uns dias para cá, têm-ma feito com alguma frequência.
Se bem que há perguntas que não parecem ter resposta, esta é uma daquelas para a qual até parece haver, mas... Mas, digamos que, deixei de pensar nela porque deixei de me importar sobre este "porquê". Conclui que se mal não fazia, também não teria de encontrar o porquê de o fazer. Nem a curto, nem a médio, nem a longo prazo. E que, apesar se não ser perfeitamente controlável isso também não teria importância.
Já experimentaram falar sobre o amor com os vossos amigos? Bem, é daquelas conversas sem fim, sem metas, sem conclusões e... é definitivamente, uma "conversa controversa"!
Há quem acredita nele, há quem ache que ele não exista, há quem acredita nele mas não na forma como a maior parte das pessoas o considerem, enfim... há tantas definições para o amor que... também reste tipo de perguntas se receia pensar, pensar e nada encontrar. Se bem que eu ache que, depois de muito pensarmos, há sempre umas ideias mestras que ficam e resistem.
Quando pensamos no porquê de nos ligarmos ao MSN, o que é que aparece primeiro na nossa cabeça? Pois... digam lá... é que eu já pensei tantas vezes sobre isto que nem sei o que vos dizer.
A minha Mãe ouve-nos a rir, ela sabe que encontramos amigos por estas bandas, nos divertimos, trocamos fotos, música, etc. Até sabe que o meu último romance começou por aqui. Nada na manga, nada a esconder!
Mas o que nos traz aqui? Depois de um dia de trabalho, ou mesmo no trabalho (eu ainda sou do tempo em que se podia ter MSN no local de trabalho, LOL), lá estamos nós que nem uns doidos a teclar!
Escolhemos uma bela foto, nossa ou nem por isso, e partimos à aventura. De início TODOS acreditamos que JAMAIS conhecer pessoas no MSN. Claro que, também JAMAIS conhecer essas mesmas pessoas pessoalmente. Daqui a uns tempos, culpamos os amigos (alguém que nos tenha iniciado no vicio!), e questionamo-los: "sabes de quem é a culpa de esta noite ir bebe café com o Adérito das Couves? Sim, aquele da foto do rapaz de chapéu de palha a apanhar a couve portuguesa ao frio e debaixo de chuva na véspera do Natal passado! Exactamente, aquele que tem 1,90m de altura, não têm pelos em nenhum parte íntima, fala todas as línguas, tem uma vida social super activa, pratica desporto há anos e todos os dias quando acorda lembra-se de mim como a primeira mulher a compreender os seus pontos de vista "in all his intire life"!"
Todos buscamos uma paz, não sabemos muito bem é onde é que a vamos encontrar.
De qualquer modo, é como digo, deixamos de fazer algumas coisas, coisas tão importantes como descansar. Mas um facto é que, sem esquecer que do outro lado há sempre uma pessoa, nós convivemos pela internet!
Como há uma Isa, há-de haver um Adérito que se liga para se divertir e, quem sabe, descobrir alguém no meio de tanta gente!
Na verdade só passamos à fase do conhecimento quando efectivamente estamos na presença da pessoa. Podemos tipificar um perfil, desenhar todos os seus contornos físicos, mas aquela visão que temos de alguém quando estamos na sua presença (e que, meus amigos, não passa via ecrã) só há mesmo em directo, a cores e ao VIVO! É tudo aquilo que nos permite ter o tal feeling, ver aquilo que rodeia a pessoa, sentir o tal click ou não, sentir a tal paz na sua presença ou não. No fundo, é sentir toda a cor e toda a música da pessoa!
O MSN pode ser simplesmente o canal, o meio, a estrada, o elo para chegarmos até uma determinada pessoa. Isto, no que se refere ao conhecimento de um futuro amigo, de alguém especial. Conhecer mulheres não passa muito pela cabeça das mulheres, não de todo. Estou errada??
Enfim, não é que para se saber tenha de se passar aqui metade do dia. Mas quem já por aqui passou saberá do que falo.
A depressão, a solidão, juntamente com outros problemas da sociedade, são doenças deste século.
Não, o MSN não as evitará, mas talvez nos ajude a sentir menos sós, a partilhar o nosso mundo, ou a encontrar outros mundos.
Tem mais piada sair com os amigos, cozinhar para a família, ir ao cinema ou nadar! Não procuramos "medicamentos compatíveis, dos genéricos". Mas não precisamos de cair naquele pensamento de: "é um falso companheiro". É uma companhia!
Há histórias felizes.
Há amizades.
Há amores.
Há aprendizagens.
Há emoções.
Há um mundo de pensamentos e emoções!
E de partilha.
Também há a mentira.
Há a conversa e a desconversa.
Porque nos ligamos ao MSN?
Como é que cada um vive o MSN?
Ondas diferentes?
Há também formas diferentes de viver toda esta "conversa controversa".

Ser vivido

Juntamos tantas palavras, ritmos, melodias, línguas, olhares, histórias, expressões, antiguidades, pensamentos, pares.

Tentamos entender a magia com a mente. Desligamos as personagens dos sentimentos. Procuramos algo que está em todos, em todo o lado, em todo o mundo. E, o que se encontra? Explica-se o "eu" e o "tu". O espaço que medeia as duas esferas fica por defender.

Quando esse intervalo não tem voz, não é explicado e nem se explica a ele mesmo, o que acontece? Quando não tem voz é perigoso. Quando ninguém o explica não existe. Quando não se explica, ninguém o entende. Calcular os riscos é pedir a alguém que o oiça. Ouvem-se os mudos? Ouvem-se. Vive o “eu”, o “tu” e fica por viver o “nós”.

O “eu” investe numa ginástica de acções e faz com que o “tu” tenha uma história única: “fez, disse, levou, tenciona, tentou, pensou, julgou, gritou, moveu, foi, ligou, tornou, chamou, explicou, referiu, escreveu, desculpou, roubou, mentiu, escondeu, tirou, olhou, escolheu, deu”.

Se o todo é maior do que a soma de todas as partes, o “nós” devia ser a sinergia, a união do que há de melhor, o que transparece luz, o que proporciona a paz. A Paz que tem: energia, ritmo, segredos, cor, temperatura, movimento, ar, toque, cheiro, desejo, querer, bem, sabor, lembrança, troca, entrega, textura, telepatia, silêncio, sinais, empatia.

A mão tocou-o. O corpo vibrou ao seu ritmo. O vento que sopra dobrou ramos fortes, seguros por uma terra partilhada por um mundo, em que alguns semeiam árvores, outros nunca vêm os raios da estrela que pode guiar.

Os olhos não o viram, mas os olhos viram-se. Nessa linha de ligação há um encanto desmedido, cria-se uma rede de protecção, dá-se o ombro como abrigo.

O sabor prova quem deixa os braços penderem, a curva normal se fazer, concede o poder do perdão, a versão umbilical toma lugar, e tudo pode acontecer.

Ouve-o quem escuta a sua expressão, leva consigo a atenção, liberta-se da pressão, esquece por momentos um mundo com um padrão.

E a música toma lugar. Uma linha horizontal, estendida e sem um fim, traçada por quem vence o medo de um dia se poder dar mal.

Mas o poder da ilusão é maior do que essa recessão. Atravessa gerações, ideais por provar, princípios imaginados. A entrega é maior do que a imensidão.

Quem na corrente cai, boiando com um sorriso, com cara de parvo de tanto perdido, testa um limite desconhecido, acaba bêbado, como todos vai morto, mas vivido!

Lua vista na Ilha de Tavira

Ter de ser

Pintei um quadrado de preto e lá dentro a branco uma Lua
Contrastei o escuro da noite, com o vazio que ficou na TUA!
Ao lado pintei um todo branco e lá dentro a preto uma roda
Contrastei a luz brilhante do dia com um Sol na minha moda.
São ligações que traduzem o que vivo quando não estou contigo
Noites brancas ganham vida e o dia é um perigo!
Ligações fortes estas da noite e do dia, do Sol e da Lua, como EU e TU, teu e tua!
Rimo para revelar o que pode ser a saudade, esse vazio que chega a todos com "idade"!
Não fiques triste com estes pensamentos, partilho porque aqui podes te ver,
Neste espelho com semelhantes viveres e repousar por saberes que não estás só neste "ter de ser".
Agora que recebeste, entende que te AMO
Que te quero como és, que desejo todas as (im)perfeições desenhadas no teu tamanho.
Eu e Tu vivemos com Sol e Lua diferentes dos outros, somos seres com paixão
Que quando distantes, nem nos vale a razão!
Mais um beijo e um abraço em letrinhas com fronteiras
Quando for para matar a saudade, serão verdadeiros e sem estas coleiras!
Sonho contigo a descansar deitado no meu umbigo,
É assim que digo de noite ao meu corpo, "dorme meu amor, estou contigo".

Praia de Carcavelos

Areia Dura

Quando a praia está cheia de almas o barulho é ausente,
Deitada de costas oiço a voz antes indiferente.
Quando a praia está cheia de pessoas o barulho é confuso,
De olhar postos nas ondas procuro em mim as palavras de outro fuso.
Quando constato que a praia não tem fechadura,
Procuro as marcas na areia dura!
Aquelas que provavam que as mãos eram dadas
E apertadas e suadas…
Que nos embrulhávamos no grão
Sempre esquecidos da multidão!
Todas as horas a praia aberta é um leque de caminhos,
A areia é um miradouro para um mar cheio de ninhos.
Quem da plateia repara no palco, vai sonhar e encontrar no som das almas a descoberta de um actor fora do lugar!
Não se pode sempre nadar, decidiram navegar.
Não se pode sempre falar, decidiram calar!
Mas como na praia fazer parar a hora do “não acabar”?
Afinal há um fecho sem chave a condizer,
Acaba por ter fim e isso acabou de se ver!

"Let's Not Talk About Love" - HEATHER NOVA

I don't know if I love you
Or if it's all in my head
I don't know if I love you
Though I know it's what I said
Cuz love is something I don't understand
Can't explain, I can't hold in my hand
But I'll stay here tonight
And I'll keep the flame alight
But let's not talk about love
I don't know if I love you
Though I feel some pain
I don't know if I love you
Or if I'm playing the game
Cuz love is something I don't understand
Can't explain, I can't hold in my hand
But I'll stay here tonight
And I'll make you feel alright
But let's not talk about love

Canal em Roterdão - Setembro 2006

Cold Water - Damien Rice

Cold, cold water surrounds me now
And all I've got is your hand
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost?
Love one's daughter
Allow me that
And I can't let go of your hand
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost?
[chanting]
Cold, cold water surrounds me now
And all I've got is your handLord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Lord, can you hear me now?
Or am I lost?

16.1.07

Facelit

Uma senhora de meia-idade teve um ataque de coração e foi parar ao hospital. Na mesa de operações, quase às portas da morte, vê Deus e pergunta:
- Já está na minha hora?
Deus responde:
- Ainda não. Tens mais 43 anos, 2 meses e 8 dias de vida.
Depois de recuperar, a senhora decide ficar no Hospital e fazer uma lipoaspiração, algumas cirurgias plásticas, um facelift... Como tinha ainda alguns anos de vida, achou que poderia ficar ainda bonita e gozar o resto dos seus dias.
Quando saiu do Hospital, ao atravessar a rua, foi atropelada por uma ambulância e morreu.
A senhora, furiosa, ao encontrar-se com Deus, pergunta-lhe:
- Então eu não tinha 40 anos de vida? Porque que é que não me desviaste do caminho da ambulância?Deus responde:
- Eras tu?! Nem te conheci...

All I Can Do - KANE

May all of your wishes
Come true for life
And all that you wait for
be true for life
All that you long for
May all of it shine
Bright as the sunlight
And so much for anger
So much for gain
May all that you're after
Be conquered with grace
May all that you reach for
be worthy and true
And guard you a lifetime
And cry tears of laughter
You will cry tears of pain
But all of that hurting and the heartbreaking
It will guide your way
All you've created
May all of it stand
Proudly through ages
And come back again
Come back again
It's all I can do
It's all I can do

Escravas do 2º milénio

Quem este texto ler
Pensará que estou a morrer.
Mas estou a trabalhar
Numa empresa e daquelas grandes, podem crer!

Tantas vezes em conversa
Se sente empatia nas palavras,
Utilizam-se termos diferentes
Para expressar as mesmas Escravas.

Todos somamos as Horas passadas,
Numa redoma de cimento,
Com vista para um quadrado
Ou com papel sempre na mão e/ou em movimento.

Todas subtraímos ao relógio do calendário
O tic-tac do prazer.
Todos nos assustamos com os pontos que picamos
Sem nada poder fazer.

Mas serve de conversa
Daquelas que acabam “é a vida”.
Contribuimos para monopólio que nos é allheio
E julgamos haver uma linha que por todos é seguida.

E o que fazemos à tentação? Ao sonho e à vocação?
Porque nem todos fazem o que gostam
E nem todos a transformam em frustração.
Apoiamo-nos na necessidade? E não sentimos a desilusão?

De aos “-tentas” chegar com uma qualquer reforma para 2
Uma saúde crescidota, velhota…
Dá que pensar: por quem sois?!
Não me faz parecer um idiota?

13.1.07

Farol - Carvoeiro - Dezembro 2006

Tic-Tac (I)

A Viagem da Descoberta foi assim

"Quem conta um conto, acrescenta-lhe um ponto".
O romance moderno, do quotidiano, onde não haverá um desfecho menos epolgante que a loucura do início (degradé de emoções). O romance que gostamos de viver, reviviver e por isso escrever sobre.
Com desejo que as emoções se cristalizem através das palavras e possam ter batimento em tempos futuros. O tic-tac por palavras como ele é?
Amores como alguns não chegam a todos. Começar a sonhar com a possibilidade de iniciar um fim tão esperado com serenidade requer uma descoberta muito desejada e madura.
E que descoberta?
A descoberta de perceber o que pode estar ao nosso alcance para que tudo passe a fazer todo o sentido da vida que sonhámos, queremos e sentimos que nos faz feliz.
A descoberta da nossa metade.
A descoberta do que completa.
A descoberta do recíproco.
A descoberta de um sorriso contagiante.
A descoberta de um entendimento pelas palavras, pelo silêncio e pelos olhares.
Pelas meias palavras, pelo silêncio e pelos olhares.
Pelas poucas palavras, pelo silêncio e pelos olhares.
Pelo silêncio e pelos olhares.
Pelos olhares!
Há um prazo para a descoberta?
Há um calendário na nossa vida?
Há um truque para estar na estação certa, há hora certa e apanhar o comboio que inicia a viagem da descoberta? Não conheço.
Passar a conhecer um mundo com poucos planos, muita vontade, sem cronómetro, liberdades infantis, sentimentos confiantes, seguros e que conferem serenidade.
Não conheço uma dica por agora. Acredito que o momento da descoberta é sobrehumano por ser incontrolável, nasce por si só através de uma força sobrenatural, debaixo e por cima de qualquer tempestade.
Embora nesta vida o verbo "aceitar" seja dos mais difíceis (se não mesmo o mais difícil) de concretizar, um amor único não permite espaço à lógica para que esta se sobreponha à força de uma descoberta inesperada.
Dissémos simplesmente: "foi assim".

7.1.07

Meco - Julho 2006

Escuteiro contagia!

Muitas vezes me recordo dos tempos dos escuteiros. É assim que aqui em casa nos referimos: "quando andavas nos escuteiros...".
Muitas vezes confirmo o quão importante todas aquelas experiências contribuiram para quem sou hoje. Para me definir como pessoa.
Comecei como Pioneira e acabei nos Caminheiros.
Muita coisa mudou desde o dia em que me aceitaram e comecei a integrar uma equipa. A minha visão da vida e dos outros. Mudou a forma de estar, de apresentar as minhas ideias, de planear a vida, cresceu a minha auto-confiança, criei amizades e gravei momentos inesquecíveis. Nos escuteiros todas as emoções são vividas com grande intensidade.
Diz-se que uma vez escuteiro, escuteiro a vida toda.
Confirma-se. O lema principal: sempre pronto para servir. As mangas sempre arregaçadas!
Confirma-se. Lema realista, prático e gratificante!
Perto dos 30, amigos que já passaram essa marca, começo a ver o ritmo da vida a encaminhar cada um para um lugar: compra-se casa, planeia-se o casamento, fazem-se as mudanças. Muitas mudanças ocorrem agora!
Há 10 anos tentava imaginar como seria. E confirma-se: tenho a minha capacidade imaginativa muito aquém do que seria de esperar! Minha nossa! Em nenhum sonho vi o que agora vivo! E acredito que nem eles.
Confirma-se: as pessoas procuram a felicidade. Confirma-se: procuram com quem partilhar. E hoje, num gesto pouco usual, confirma-se, a amizade mantém-se por anos.
Bastou a partilha de uma vontade: a de estarmos juntos. Um gesto de ajudar um casal amigo que ainda não se mudou porque ainda não tinham conseguido organizar a casa. Um pega ali, outro limpa ali e em 3 horas nada parecia o mesmo. Já se entrava na varanda! Já entrava luz natural na varanda! Duas divisões visivelmente 2 quartos! Palavra! E mais terão feito depois da minha saída.
Vai haver uma refeição para comemorar, agradecer. Para o pessoal se ver!
O ânimo não faltou. Alguém liderou e a mudança deve ser (como diz uma grande amiga) iminente!
Hoje tive orgulho do esforço de grupo. Nem todos fomos escuteiros. Nem todos vivemos a 10 minutos uns dos outros. Nem todos se vêm todas as semanas, em todos os cafézinhos.
Faltaram alguns, mas estiveram lá todos!
Bem haja à casa dos amigos.

6.1.07

Nuvem com mistério



Praia da Rocha - Dezembro 2006

23 de Outubro, 2001

São 16h47 e é como se só agora o dia estivesse a começar.
Agora surgiu a força motivadora, robótica, musculada, impulsionadora, enérgica para dar o real, o mais justo valor ao dourado metálico que é o tempo.
Deviam ser agora 9h00. Mas como não são é preciso que essa força dê alento que chegue para suportar essa triste constatação.
É prioritário trocar palavras "tenho" ou "preciso" de para "vou fazer".
Demora tantas horas para me aperceber de mim, como anos para me descobrir. Porque é que me esqueço do tamanho da descoberta?
Esse valor que é indubitavelmente do Sr. Tempo é, também, inevitavelmente menor que nós e os outros. Mas precisamos dos dois!
O Aqui e o Agora.
Chega de limitar, esconder, oprimir esse valor supremo que se escreve somente com duas vogais e se resume em certos casos numa só.
Sem essa auto-percepção é difícil, árduo, traz tristeza à vida. Está na hora de colocar um ponto final, virar a página, dizer basta, encarar, não passar ao lado ou pôr para trás das costas. É chegado o momento de me confrontar com esse "I".
Não é assim tão mau e eu até o devia achar óptimo. Ainda não o considero sempre, nesse dourado contínuo.
É o esquecimento dorido e, posso dizer, sofrido. O corpo paga uma mente esquecida e sem a carne e os ossos é impossível manter as ideias vivas, transportá-las, alimentá-las!
A vida é possível sem opressão. Sem essa opressão.